Manifestantes encaram bloqueio e entram em confronto com PM no Maracanã

Gustavo Franceschini e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro*

A passeata que tomou conta do bairro carioca da Tijuca na tarde deste domingo e começou cerca de três horas antes do início da final da Copa das Confederações – entre Brasil e Espanha – terminou em confronto. Os manifestantes encontraram forte bloqueio a 500m do Maracanã. O esquema de segurança armado na avenida de mesmo nome do estádio contou com quatro barreiras: policiais militares com escudos, membros da Força Nacional, batalhão de choque da PM e o carro Caveirão.

UOL Esporte flagrou um ativista ferido no rosto, após ser atingido por uma bala de borracha. Ele foi socorrido por bombeiros, que o encaminharam ao hospital. Pelo menos mais duas pessoas foram vistas pela reportagem sendo atendidas. Uma mulher inalou muito gás e, chorando, teve que ser socorrida. Um policial se queimou após bomba jogada por manifestantes e também deixou o local do confronto.

Às 18h35, a linha de frente da manifestação iniciou o conflito. Bombas foram jogadas em direção ao primeiro bloqueio. Também vítimas de pedras, garrafas e coquetel molotov, esse primeiro pelotão teve que recuar. O protesto ganhou cerca de 5m e encarou a segunda barreira. O efetivo da Força Nacional de Segurança entrou em ação para conter o avanço e respondeu aos ataques com bombas de efeito moral. A avenida Maracanã ganhou contornos de guerra.

Durante o confronto, o vento estava contra a polícia. Portanto, as bombas de gás que eram lançadas pela Força Nacional de Segurança não conseguiam dispersar parte dos manifestantes. Cerca de mil pessoas resistiam. As luzes do entorno do Maracanã foram desligadas, e o Caveirão foi utilizado.

O violento protesto foi o segundo ato no dia da final da competição organizada pela Fifa. Manifestantes com bandeiras de movimentos sociais e de partidos políticos deram o tom desta segunda manifestação. 20 encapuzados do Black Bloc, grupo que se diz anarquista e tem como objetivo proteger os manifestantes da ação das autoridades, ficou na linha de frente da passeata.

Os ativistas se reuniram na Praça Saens Peña e partiram em direção ao Maracanã. Eles se dividiram por volta das 17h10, quando pessoas passaram a ocupar ruas que não estavam dentro do planejamento inicial combinado com a polícia. Até então pacífico, o protesto só teve tensão quando um repórter da TV Globo foi hostilizado e teve que deixar a praça enquanto trabalhava.

Na avenida Maracanã, onde os manifestantes encontraram o bloqueio das autoridades, o clima ficou nervoso de vez. Os ativistas encontraram quatro barreiras montadas pela PM, que não os deixaram prosseguir. A primeira era formada por policiais com escudos. Em seguida, outro cordão com efetivo da Força Nacional de Segurança, equipada com escudos e máscaras de gás.

Na sequência, um grupo de policiais da Tropa da Choque da PM reforçava o bloqueio. Por fim, um carro blindado usado pela Polícia Militar, chamado de Caveirão, também foi visto. Com muita dificuldade, membros da Força Nacional de Segurança iniciaram a dispersão dos manifestantes a partir das 19h. No entanto, o entorno do Maracanã ainda estava cercado por ativistas menos radicais. Um deles tirou a roupa e, deitado no asfalto da rua São Francisco Xavier, se fingia de morto. Identificado como Edu, ele disse ter feito uma homenagem aos índios.

Até o final da decisão entre Brasil e Espanha, manifestantes cercavam o local em que os policiais bloqueavam o Maracanã. No entanto, os poucos ativistas não ofereciam perigo.

* Atualizada às 20h45

  • Manifestantes hostilizam repórter da Globo no Rio de Janeiro

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