Manifestação no Rio ganha cara de carnaval e PM afrouxa o cerco

Gustavo Franceschini e Vinícius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro*

A manifestação organizada pelo Comitê Popular da Copa reúne cerca de 5 mil pessoas e ganhou cara de carnaval de tão pacífica que foi. Com bateria, estandartes e com marchinhas com cantos citando Ronaldo, Pelé, Galvão Bueno e a Globo, o grupo já se afastou do estádio do Maracanã, onde Brasil e Espanha se enfrentam às 19h na final da Copa das Confederações. O clima era tão tranquilo que até a Polícia Militar se afastou do grupo e deixou que o protesto seguisse sem intervenções. 

Os ativistas iniciaram a caminhada pouco antes do meio-dia e cerca de 4 mil pessoas que se reuniram na Praça Sáens Peña, no bairro da Tijuca e iniciaram a passeata rumo ao Maracanã. A PM antecipou o cerco ao estádio e também acompanha ostensivamente o rumo da caminhada.

De acordo com o tenente-coronel Marcos Balbino, chefe da Tropa de Choque, o perímetro Fifa, que veta o acesso das ruas de acesso ao Maracanã para pessoas sem ingresso e não credenciadas, seria realizado a partir das 14h, mas já foi colocado em prática, antes mesmo do início da marcha.

Os planos são de que o grupo passe pelo Maracanã e terminem a marcha na rua Afonso Pena. Um caminhão de som é usado para espalhar os ideias do comitê e para atrair novas pessoas à caminhada.

Próximo das 13h, o grupo chegou ao bloqueio de segurança e se sentou em frente às tropas que restringem a passagem, na Avenida Maracanã. Por lá permaneceram por cerca de 40 minutos, de forma pacífica e cuidando para que nenhum manifestante tentasse furar o bloqueio. Depois disso, a maior parte partiu em seguimento do trajeto planejado.

Antes do ato, os manifestantes viam possibilidade de confronto. O clima, no entanto, foi de marchinha, com banda e estandartes, mesmo que a PM acompanhe com cassetetes em mãos o movimento, de forma ostensiva.

"Nosso objetivo é sim chegar ao estádio, temos direito a manifestação e esperamos que não tenha confronto. Nas outras vezes, a policia agiu de forma violenta. Se tiver confronto, será por iniciativa da PM", disse Giselle Tanaka, integrante do comitê.

Este grupo tem como suas principais reclamações as remoções e atos exagerados que as obras da Copa trazem. Em sua pauta, eles pedem o fim das remoções de famílias para obras de mobilidade urbana e a revogação da privatização do Maracanã.

Se nos últimos protestos antes das partidas da Copa das Confederações as reivindicações eram diversas, iam do passe livre aos gastos com a Copa, neste domingo o foco é quase todo contra o prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista. Os cartazes e as músicas cantadas pelos manifestantes quase sempre são direcionadas a eles. 

Em outros momentos, os manifestantes cantavam "Cala boca Ronaldo e Pelé", criticado falas polêmicas de ambos os ex-jogadores, que defenderam a Copa nas últimas semanas. Ainda gritaram contra a Globo - "A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura" - e citaram Galvão Bueno - "o transporte é melhor que o Galvão".

A OAB acompanha o ato, para prestar atendimento jurídico a quem precisar de auxílio ou for preso. "Tem excesso dos dois lados, tanto da PM com algumas prisões ilegais, quanto dos manifestantes. Há uma minoria agressiva", disse Antonio Carlos Marques, advogado da OAB, que presta o auxílio com a OAB pelo telefone 21-7825-2185.

Brasil e Espanha decidem o título da Copa das Confederações no estádio do Macaranã, neste domingo, a partir das 19h. Acompanhe todos os lances no Placar UOL.

*Atualizada às 14h10

 

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