Antes ignorado por jogadores, Hino vira marca da seleção na Confederações

Gustavo Franceschini, Luiz Paulo Montes e Ricardo Perrone

Do UOL, no Rio de Janeiro

Em um passado recente, os jogadores da seleção brasileira chegaram a ser criticados por não cantarem o Hino Nacional antes das partidas. Hoje, com um enorme empurrão da torcida, a situação mudou. A cantoria à capela nos estádios durante a Copa das Confederações abrilhantou a campanha até a final contra a Espanha e virou uma espécie de marca registrada de Neymar e companhia, que ao longo do torneio foram se habituando a fazer parte da cena.

"Show de tirar o fôlego", escreveu o inglês Telegraph. "Dentro dos estádios, não há lugar como o Brasil", disse o site noticioso Yahoo. "O Hino ensurdeceu cada pedaço do Castelão", avaliou a versão mexicana do site MSN, impressionada com a festa em Fortaleza, onde a torcida roubou a cena pela primeira vez na Copa das Confederações.

No jogo contra o México, pela segunda rodada, a torcida cantou além dos 90 segundos estabelecidos pela Fifa e emocionou até o árbitro Howard Webb. A cena repercutiu e se repetiu nos jogos seguintes. Os jogadores, aos poucos, foram sendo incorporados ao espetáculo.

No primeiro jogo da festa, só deu tempo dos atletas se comoverem com o estádio em coro. Contra a Itália, na Fonte Nova, o som alto do estádio impediu que os jogadores percebessem que a torcida seguia em coro enquanto eles iam cumprimentar os rivais. Na semifinal, diante do Uruguai, os atletas não arredaram pé e cantaram a plenos pulmões.

O UOL Esporte apurou que cada um dos 23 convocados recebeu a letra do hino impressa, juntamente com a programação do grupo até o fim do torneio, assim que se apresentaram ao técnico Luiz Felipe Scolari no fim de maio.  Na execução do Hino Nacional, todos têm cantado e até gritado com ênfase a primeira parte. O goleiro Julio Cesar, por exemplo, se emocionou e chorou antes do jogo contra o Japão, logo na estreia.

Segundo a assessoria de imprensa da CBF, a situação é 'praxe' em todas as convocações para amistosos e competições oficiais. Um jogador, no entanto, relatou à reportagem que não tinha recebido a letra do hino em outros jogos que fez.

Esta situação ocorreu, de fato, na preparação para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. O então supervisor Américo Faria também entregou aos jogadores uma folha com a letra completa do Hino.

A preocupação com o hino não é nova na seleção. A postura pouco participativa dos atletas tradicionalmente é posta em discussão em grandes competições, especialmente quando o time não vai bem. Até por isso, exceções como Juninho Pernambucano, que em 2006 chorou em sua primeira partida como titular em Copas do Mundo, são sempre exaltados. 

Rivais também destoam da postura pálida da seleção. Em 1998, ficou marcada a imagem de Ivan Zamorano, atacante e capitão chileno, aos berros na execução do hino de seu país antes do confronto com o Chile, pelas oitavas do Mundial da França, enquanto era observado pelos brasileiros.

Zagallo, o técnico daquela seleção, sempre foi um defensor da música, um dos símbolos nacionais. Em 2004, ele chegou a defender publicamente que a execução do hino fosse obrigatória em escolas.

Em 1996, durante o torneio Pré-Olímpico, ele pediu aos seus comandados para que eles cantassem a música no início de cada um dos jogos. "Mas já sei que muitos vão se engasgar", alertava então o Velho Lobo. Mais de 15 anos depois, eles aprenderam a lição. 

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