Chefe da base da CBF incentiva "barcelonização" dos clubes brasileiros

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Rio de Janeiro

  • AP Photo/Claude Paris

    Gallo no comando da seleção de base; técnico espera que clubes padronizem suas camadas menores

    Gallo no comando da seleção de base; técnico espera que clubes padronizem suas camadas menores

Se a Espanha não é exatamente o modelo para o Brasil pelas diferenças geográficas entre os dois países, o cuidado com a base do Barcelona pode, sim, servir de exemplo ao futebol verde-amarelo. Pelo menos é o que pensa Alexandre Gallo, técnico da seleção sub-20 e principal interlocutor de Felipão com a base da CBF, que incentiva os clubes a definirem um estilo próprio de jogo desde as categorias menores.

A ideia não é imitar o estilo dos catalães, que se consagraram abusando do toque de bola em todos os setores do campo. Na verdade, Gallo quer que os clubes imitem a padronização tática nas categorias de base, o que ajudaria na formação dos jogadores.

"O que eu tenho conversado com os coordenadores das equipes é isso, que tem de se criar uma maneira Internacional de jogar, uma maneira Fluminense, Corinthians. Cada um tem a sua característica bem identificada. Poderia criar uma maneira Grêmio de se jogar, por exemplo, e aí ter essa continuidade na categoria sub-13, sub-15 e sub-17. Você teria muito mais chances de obter êxito", avalia o treinador, que falou com a reportagem no saguão do hotel Sheraton, onde a seleção se prepara para a final da Copa das Confederações, no próximo domingo.

O Barcelona, exemplo usado por Gallo, é a base da Espanha, rival do Brasil na final marcada para o Maracanã. Da equipe que empatou com a Itália na última quinta e avançou nos pênaltis à final, seis são do time catalão, que assombrou o mundo nos últimos cinco anos sob o comando de Pep Guardiola.

Uma das características mais exaltadas desse domínio é o trabalho da base da equipe, origem da maior parte dos talentos do Barcelona. "É uma coisa bonita de se ver, até porque você vai assistir ao treino da base do sub-11 e joga-se igual até o principal", disse Gallo.

Essa orientação, segundo ele, já tem sido passada aos técnicos, mas será reforçada em um congresso técnico marcado para agosto. Se tudo sair do papel, Gallo pretende adaptar todos esses estilos para um modelo único na seleção. Na linha do que prega Felipão, o Brasil deve ser mais "pegador" nos próximos anos.

"Estamos criando uma situação de se jogar em um espaço de 25 metros, no contra-ataque, mas sem se furtar à nossa característica, que é a posse de bola. Nossos jogadores sempre vão estar à frente na questão técnica, mas a gente está equacionando para melhorar a questão tática", disse Gallo, que já usa como exemplo o time de Felipão.

"É como a seleção brasileira principal, que roubou 90 bolas no primeiro jogo. Quer dizer, a participação defensiva foi muito boa e o Felipão está conseguindo fazer isso. Os três C's, que antigamente eram capacidade em primeiro, comprometimento em segundo e caráter em terceiro, nós viramos de cabeça para baixo. O caráter tem de estar sempre em primeiro e o comprometimento em segundo. A capacidade o nosso atleta sempre vai ter", completou. 

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