De olho no cofre

Ministro minimiza benefícios da Copa, mas diz que compromisso tem de ser cumprido

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Léo Corrêa /Arquivo SECOM

    Marcelo Neri, Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, concede entrevista no Rio

    Marcelo Neri, Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, concede entrevista no Rio

O ministro-chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República, Marcelo Neri, minimizou nesta quinta-feira os benefícios que a realização da Copa do Mundo pode trazer para desenvolvimento o país. Na contramão do que vem sendo dito pela Fifa e o Ministério do Esporte, Neri, que também é presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), disse que os grandes eventos esportivos "não mudam nenhum país de degrau". Apesar disso, defendeu que o Brasil cumpra seus compromisso e sedie a competição.

"Algumas cidades se beneficiaram desses eventos: Barcelona e Seul são um exemplo. Mas sediar Copa do Mundo e Olimpíada não muda ninguém de degrau. Não é nenhuma panaceia [remédio para todos os males]", observou o economista. "Agora, compromisso deve ser cumprido. O Brasil tem que provar que é um país sério e sediar os eventos."

Neri concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro. Lá, ele foi questionado sobre os protestos realizados em várias cidades do país contra, inclusive, a Copa. Disse não ser contra as manifestações. Só ressaltou que elas não acontecem na hora correta, em sua opinião.

"Se fosse para protestar quando a gente ganhou o direito de sediar esses eventos [Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíada], tudo bem. Mas agora que já está tudo pronto, temos os estádios prontos, não sei se vale", afirmou ele. "Já tivemos o custo. Agora, temos que aproveitar do benefício."

Esse benefício, para ele, é a projeção do Brasil no cenário internacional. Segundo Neri, os ganhos da economia com uma Copa, por exemplo, ficam muito perto dos custos do evento. Entretanto, ao sediar uma competição com o Mundial da Fifa, o Brasil mostra ao mundo que "também é capaz de fazer". "Com as manifestações, o que se vê lá fora é fogo. Não é isso que queremos", complementou.

Mesmo assim, ele não condena as manifestações por considerar que elas podem trazer mudanças bem mais duradouras do que uma Copa do Mundo. Uma dessas mudanças ele mesmo disse já ter notado: "Acho que o Brasil já não é mais o país do futebol. A seleção está jogando bem e as pessoas continuam nas ruas. Isso é uma mudança", afirmou.

GOVERNO USA REDE SOCIAL PARA FAZER CAMPANHA POSITIVA DA COPA

  • Reprodução/Facebook

    Após o governo culpar falhas de comunicação pela revolta da população contra a Copa do Mundo, o Ministério do Esporte resolveu agir. O órgão começou a publicar na segunda-feira, em redes sociais da internet, mensagens com dados positivos a respeito do Mundial de 2014 e sua possível contribuição com o desenvolvimento do país.

  • No início da tarde de segunda, duas imagens foram postadas em um perfil de uma rede social do Portal da Copa, página de internet administrada pelo ministério. As postagens trazem em destaque a frase "Verdades sobre a Copa", e informam os investimentos em curso para o Mundial e a quantidade de empregos e renda gerados pelo torneio.

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