Copa das Confederações complica moradores do Maracanã e traz temor de protesto

Vinicius Mesquita e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Mesquita/UOL

    Marcelo Paixão, que mora na região do estádio do Maracanã, ficou preocupado com o protestos

    Marcelo Paixão, que mora na região do estádio do Maracanã, ficou preocupado com o protestos

Ruas bloqueadas, escolas fechadas e revistas à porta de casa. A Copa das Confederações definitivamente complicou a vida dos moradores do entorno do Maracanã. Por causa do torneio, a vizinhança tranquila do estádio teve sua rotina alterada pelo esquema de segurança do espaço. Apesar disso, acabou ganhando uma ameaça: as manifestações violentas, que insistem em tentar acessar a área do estádio.

Na sexta-feira, um dia depois do segundo jogo da Copa das Confederações no Maracanã, a reportagem esteve nas proximidades do estádio conversando moradores. Ouviu queixas de cidadãos que há décadas moram ao lado do estádio. Pessoas que achavam que o torneio traria benefícios à região. No entanto, descobriram que não foi bem assim.

"Complicou bastante, viu?", afirmou Edson Santana, segurança, que mora na rua de trás da entrada principal do estádio. "Na quinta-feira, eu estava voltando para casa e quase não consigo chegar porque a polícia estava exigindo ingresso de quem passava. Minha vizinha teve que ir escoltada até a porta de casa porque achavam que ela era manifestante."

Santana mora no entorno do Maracanã há anos. Afirmou que, no domingo, dia do primeiro jogo no estádio durante a Copa das Confederações, o esquema de segurança foi menos ostensivo e o transtorno foi menor. Na quinta, porém, com uma passeata convocada no centro da cidade, a polícia acabou abusando. "Como assim o morador não pode entrar? Isso não existe", reclamou.

Para Flávio Januário Farah, contador, o pior foi a restrição a passagem e estacionamento de veículos. O prédio em que ele mora desde que nasceu, há 27 anos, fica a menos de dez metros do estádio. Em dia de jogo da Copa das Confederações, o estacionamento fica proibido e até a chegada em casa complica.

"Só passa pelo bloqueio quem tem um adesivo colado no para-brisa do carro", explicou ele, que ganhou o colante da prefeitura do Rio de Janeiro. "Mesmo assim, ninguém pode parar na rua. Se deixar o carro estacionado, a prefeitura guincha."

ADESIVO VIRA OBRIGAÇÃO PARA CARRO PARA ENTORNO DO MARACANÃ

Farah mora perto de Marcelo Paixão, funcionário público. Paixão tem dois filhos, que na quinta-feira perderam um dia de aula pois a escola em que estudam foi fechada. Para ele, porém, isso é contornável. O mais complicado é conviver com a ameaça constante de protestos violentos nos arredores de sua casa.

"É preocupante", contou. "Cada vez mais eles [os manifestantes] querem chegar aqui.  A polícia está por aí, mas eles querem é proteger o estádio. Aqui, fora ninguém sabe se algo acontecer."

De fato, por causa da Copa das Confederações, a segurança no entorno do Maracanã aumentou muito. Mesmo em dia em que não há jogos, policiais permanecem no entorno e nos acessos ao estádio para evitar qualquer protesto ou outra ameaça à Copa das Confederações.

Nesta sexta-feira, a MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) abriu um inquérito para apurar possíveis excessos de policiais na segurança do Maracanã. A PM já informou que as ações são necessárias. O governador Sergio Cabral defendeu a PM, mas disse que abusos serão apurados e punidos.

 

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