Fifa dá 0,5% do ganho com Copa a programa social no Brasil; diretor aplaude protestos
Rodrigo Mattos
Do UOL, no Rio de Janeiro
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AP Photo/Silvia Izquierdo
Comandado pelo suíço Joseph Blatter, a Fifa investirá em projetos sociais ligados ao futebol
A Fifa investirá 0,5% do total da sua receita em programas sociais no Brasil, todos ligados ao futebol. Isso significa que a entidade vai obter receita de cerca de US$ 4 bilhões com a Copa-2014 no Brasil, onde o investimento majoritário é de dinheiro público, mas dará como retorno um gasto de US$ 20 milhões (R$ 43,8 milhões) para projetos no país. Outros US$ 20 milhões serão aplicados em programas sociais fora do país. Esses números foram apresentados pela entidade nesta quinta-feira em seu programa de responsabilidade social e sustentabilidade social para a Copa-2014.
Os valores contrastam com o total a ser gastso com a Copa, que aumentou e atingiu R$ 28 bilhões. Mas o diretor de responsabilidade social da Fifa, Federico Addiechi, afirmou que o objetivo do programa não é melhorar a imagem da entidade no país, mas realizar algo pelos brasileiros. E, contrariando o discurso do presidente da organização, Joseph Blatter no dia anterior, viu como positivos os protestos que estão ocorrendo no Brasil, que reuniram 250 mil pessoas na segunda-feira. Fez questão, no entanto, de ressaltar os benefícios do Mundial.
"Se estamos falando muito, ou pouco sobre as ações da Fifa, não me importo com isso. Nossas ações são transparentes. Tentamos ter impactos em áreas vitais no país", afirmou Addiechi. "Provavelmente, a Fifa é a primeira companhia a tentar atacar essas questões. Os países industrializados aplicam, 0,7% do PIB nestes programas. Então, aplicamos 1% ou US$ 40 milhões de dólares. Para implentar no país sede da Copa são US$ 20 milhões." Outros US$ 20 milhões serão aplicados em programas sociais em outros países.
Há dois programas principais. Um é o "Football for Hope" que tem como objetivo melhorar infraestrutura esportiva e incentivar a prática em comunidades carentes. O outro programa é o "11 for health": seu objetivo é incentivar medidas que melhorem as práticas de saúde para a população. São orietanções sobre lavar a mão e beber água sem contaminação. Esses programas se repetem em todos os países-sede.
O dirigente demonstrou não fazer oposição às manifestações nas ruas, que, entre outros pontos, ataca a realização da Copa do Mundo e seus custos. "Sou cidação de três países, Argentina, Itália e Suíça. Sou sortudo do tempo que acabou a ditadura [na Argentina]. Fui parte das demonstrações também [na Argentina]. É uma grande coisa que tenhamos visto [os protestos], seja na Copa e na Copa das Confefederações. Temos que aplaudir. Vejo como positivo. Condenamos a violência. Democracia é bem-vinda."
O investimento da Fifa em programas sociais é bem inferior ao que o Brasil gastou com estádio de futebol para o Mundial. Com as 12 arenas, foi um total de investimento de R$ 7 bilhões até agora. Fora isso, cada jogo da Copa das Confederações gera um gasto médio de cerca de R$ 16 milhões por jogo por conta de instalações provisórias.