Torcida e lobby da PM fazem CBF liberar acesso de 4,5 mil a treino da seleção

Fernando Duarte, Luiz Paulo Montes e Mauricio Stycer*

Do UOL, em Fortaleza

Um boato espalhado pelas redes sociais em Fortaleza fez com que pelo menos 5 mil pessoas, segundo a PM, comparecessem à entrada do treino da seleção brasileira nesta segunda-feira. A entrada, a príncipio, estava vetada, mas a pressão dos torcedores e pedidos da Polícia Militar do Ceará fizeram com que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) liberasse o acesso dos torcedores ao estádio Presidente Vargas nos minutos finais do treino.

Foi quando ocorreu o que até aqui foi a principal manifestação de apoio popular durante um treino da seleção desde o início da preparação para a Copa das Confederações. Mesmo com parte da multidão dispersando após mais de uma hora de espera fora do estádio, aproximadamente 4,5 mil torcedores, segundo a PM, ovacionaram os jogadores na arquibancada, com destaque para Lucas, que se aproximou de parte dos torcedores para agradecer.

A história que se espalhou na capital cearense foi que quem levasse um quilo de alimento não-perecível ao Presidente Vargas poderia assistir ao treino da equipe de Luiz Felipe Scolari. Ao terem o acesso barrado por policiais militares que faziam a segurança do local, a multidão começou a se agitar nos portões. "Abre! Abre!", berravam os torcedores. A ira aumentou quando o ex-jogador Jardel chegou com uma comitiva ao estádio. O ex-atleta e as pessoas que estavam com ele conseguiram acesso.

"Isso é discriminação com os nordestinos", reclamou a dona de casa Angelita Tomé, 46, uma entra as milhares de pessoas que carregavam sacos de arroz ou feijão no entorno do estádio.

Outro comentário sem procedência causou confusão nas ruas próximas ao Presidente Vergas. Torcedores saíram em direção a um portão distante do local em que estavam. Houve empurrão e um dos retrovisores de um carro foi arrancado na disparada da multidão rumo ao portão, que não estava aberto.

O UOL Esporte apurou que a segurança presente no local e a Federação Cearense eram a favor da abertura dos portões desde o início da atividade. No entanto, a CBF havia optado por manter o procedimento e não liberar o acesso. "Abre o portão", "Abre o portão", berravam os torcedores. A Polícia Militar, em cerca de 300 homens, conseguiu controlar bem a situação.

Em seu site, a CBF apresenta outra versão. A assessoria de imprensa da entidade informa em nota que, uma vez dentro do estádio, Felipão e o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira pediam para que a torcida pudesse entrar no estádio, enquanto o veto cabia aos responsáveis pela segurança no local.

Sobre o treino em si, a torcida perdeu uma sessão na qual os reservas participaram de um treino contra o time sub-20 do Ceará e os titulares cuidaram apenas da parte física, passando boa parte do tempo sentados à sombra e observando o jogo. O coletivo já tinha terminado quando os portões foram abertos e a maioria dos jogadores já estava alongando.

No pouco que viram da atividade, os torcedores comemoram gols em treinos de fundamentos e vibraram quando Neymar ou Lucas faziam embaixadinhas. Ao término do treino, a seleção entrou no espírito festivo e se aproximou da parte da arquibancada reservada para os torcedores. "Regeram" os cantos e chutaram algumas bolas para o público. Houve tietagem também dentro do campo, com os jogadores do Sub-20 do Ceará tirando várias fotos com os jogadores.

No campo, os garotos conseguiram dar algum trabalho aos reservas da seleção, empatando o coletivo em 2 a 2. Na terça-feira, a seleção já vai treinar no Castelão, local da partida de quarta-feira contra o México, pela segunda rodada do Grupo A da Copa das Confederações.

  • Flavio Florido/UOL

    Torcedores levaram 1kg de alimento achando que reverteria em entrada para o treino

*colaborou Daniel Tozzi, em Fortaleza

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