Sob a batuta de Lugano, uruguaios superam caos, mimam fãs e se dizem inatingíveis

Vinicius Mesquita

Do UOL, no Recife

O mundo poderia acabar na Arena Pernambuco neste domingo, data da partida contra a Espanha, e mesmo assim os jogadores uruguaios não se incomodariam.  Após tal constatação, provavelmente a única pergunta que sobrevive a este enigma é: "o que então pode tirá-los do sério?" A resposta, ensaiada a dedo pelo zagueiro Lugano, está na ponta da língua de qualquer jogador do elenco:

 "Nós somos uruguaios, estamos acostumados a situações muito piores. Para nós, os problemas que nos atingiram não vão nos deixar desanimados nesta Copa das Confederações", disse Lugano, simulacro de líder espiritual do time, minutos após descer de um ônibus que desafiou estradas de terra encharcadas e rodovias esburacadas por mais de três horas, na sexta-feira.

No sábado, após enfrentar o mesmo calvário, Lugano ainda alongava os músculos quando foi chamado aos berros por um fantasiado torcedor brasileiro. "Lugano!! Lugano!! Só uma foto! Só uma!" O zagueiro contrariou o rígido protocolo da Fifa ao deixar de lado seus companheiros para atender aos apelos do fã barulhento.

Voluntários da Fifa, seguranças do hotel e policiais federais não esperavam pela manobra do zagueiro. O ex-são-paulino abraçou o torcedor e esperou pacientemente que outro popular assumisse a máquina fotográfica para tirar três fotos.

 Os responsáveis da Fifa, assustados diante de um improviso do zagueiro, passaram a correr para todos os lados. Jovens voluntários da Fifa impediram a aproximação dos jornalistas, a segurança do hotel tentou evitar a concentração de mais torcedores abusados e policiais federais cercaram o zagueiro uruguaio.

Para desespero dos responsáveis pela segurança, o atacante Luis Suárez também atendeu ao pedido do mesmo torcedor ousado, descabelando os responsáveis pela segurança. Paciente, Suárez abraçou o torcedor para mais um flash.

"Eu conheço toda a seleção do Uruguai. Conheço o Cavani, conheço o Suárez, o Lugano", disse o felizardo brasileiro José Carlos Alcântara. "Quer dizer, não conheço de verdade, né, mas sou fã deles. Depois do Brasil, torcerei para o Uruguai. Não dá para não torcer para esses caras! Eles são muito simpáticos, e ainda por cima são sul-americanos como nós", completou.

Na coletiva de imprensa, o volante Gargano, em sintonia com o discurso de Lugano, disse que a equipe estava preparada para enfrentar a Espanha, apesar dos transtornos. "(Não reconhecer a Arena Pernambuco) foi uma decisão da comissão técnica. Nós estamos nos sentindo muito bem. Para nós, a Copa das Confederações é um torneio muito sério. Vamos lutar para alcançar o título."

Tombos e quedas na Copa das Confederações
Tombos e quedas na Copa das Confederações

Cristian Rodriguez, que ganhou a disputa com Forlán por uma vaga na equipe titular, também adotou a cartilha de Lugano e minimizou os efeitos da desorganização. "Sim, deixamos de treinar um dia por causa da chuva, mas nós somos sul-americanos e estamos acostumados a enfrentar esse tipo de situação."

Lugano, tratado pelos seus pares como uma efígie do militar José Artigas, herói da história uruguaia, ainda brindou os brasileiros com seu discurso conciliador e pacífico, apesar de todos os problemas enfrentados no Recife:

"Fico feliz por retornar oa Brasil. Tenho boas lembranças do país, do São Paulo. Fui muito feliz neste país, mas espero que o Brasil corrija os problemas de organização para que faça uma Copa do Mundo exemplar".

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