Convocada pelo Comitê Popular dos Atingidos pela Copa, a manifestação intitulada Copelada, realizada na Praça da Savassi, na Zona Sul da capital mineira, acabou engrossada por manifestantes, que pelas redes sociais, combinaram um movimento pela redução das passagens de transporte coletivo em Belo Horizonte. A passeata com destino final à sede da Prefeitura contou com a participação de cerca de 4 mil pessoas, de acordo com avaliação da Polícia Militar de Minas Gerais e ocorreu  de forma pacífica.

Sob o olhar de um grande número de policiais militares, incluindo da Tropa de Choque, os manifestantes, que estavam concentrados na Praça da Savassi, região nobre da capital mineira, conhecida por seus bares, cafés, livrarias e charmosos estabelecimentos comerciais, iniciaram passeata. O itinerário dos manifestantes passa pelas praça da Liberdade e Sete, de onde se dirigiram à Praça da Estação. Nesse local, está sendo realizada uma festa de acompanhamento da Copa das Confederações. Dessa forma, os manifestantes desistiram de concentrar em frente à sede da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena.

Inicialmente a liderança do movimento, formado em sua maioria por estudantes, havia informado que caminharia apenas uma faixa, mas logo ocupou toda a Avenida Cristóvão Colombo, no sentido praças Savassi e Liberdade. A Polícia Militar tentava organizar o trânsito, para evitar congestionamentos.

No final da manhã, houve a Copelada, quando manifestantes durante alguns minutos jogaram a tradicional pelada de rua, em plena Praça da Savassi. Convocada pelo facebook do Comitê, o texto convidava os 'peladeiros' da capital mineira: "Monte seu time de 5 jogadores e venha disputar a competição mais inclusiva de BH!".

Durante a manifestação, muitos cartazes e faixas podiam ser vistos, além de palavras de ordem contra a Fifa e a Copa do Mundo."A Copa é para o mundo, não para nós", "Não queremos a Copa", "O Brasil é nosso", "Copa do Mundo eu abro mão. Quero saúde e moradia" e outras impublicáveis, referindo-se com palavrões à Fifa. Além da crítica à Copa do Mundo, ano que vem e à Copa das Confederações, que se inicia neste sábado, o movimento incorporou a bandeira da redução da tarifa de ônibus em Belo Horizonte: "R4 2,80 não".

Alexandre Braga, 38 anos, diretor de comunicação da Unegro, uma das entidades organizadoras, explicou que uma reunião entre representantes de diversos movimentos sociais, definiu a manifestação deste sábado, que tem como objetivo aproveitar a visibilidade da Copa das Confederações. O movimento visa denunciar a má utilização de dinheiro público. "A principal reivindicação é que os recursos destinados à Copa sejam revertidos para ações sociais", afirmou Braga.

Para o estudante Danilo de Almeida, de 25 anos, que levava uma faixa pedindo que o dinheiro destinado à Copa das Confederações e do Mundo vá para a saúda e educação, o Brasil está gastando muito, "mas a população é quem paga e não vai ter retorno algum". Aos gritos, os manifestantes protestavam: "Da Copa eu abro mão, eu quero meu dinheiro para saúde e educação".

O coronel Lemos, da Polícia Militar, que estava no comando da operação de acompanhamento da manifestação, informou que a Corporação já sabia desse movimento e se preparou para a ocasião. Segundo o oficial, cãmaras de vídeo do projeto "Olho Vivo", usadas tradicionalmente para se evitar ocorrências policiais em Belo Horizonte, servirão para identificar líderes do protesto, proíbido por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Após a identificação, os nomes serão passados para o Ministério Público providenciar as denúncias.

Na próxima segunda-feira, quando o Mineirão será palco do jogo entre Taiti e Nigéria, a primeira das três partidas previstas para o "Gigante da Pampulha" na Copa das Confederações, uma nova manifestação está sendo organizada para o período da tarde na Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha, que contará também com a participação do Sindicato dos Trabalhadores da Educação, que lidera greve de professores públicos.