Manifestantes fazem novo protesto no acesso ao estádio em Brasília

Gustavo Franceschini e Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    Policiais fazem barreira para impedir que manifestação chegue ao estádio Mané Garrincha

    Policiais fazem barreira para impedir que manifestação chegue ao estádio Mané Garrincha

Manifestantes protestam no acesso ao estádio Mané Garrincha neste sábado, dia de abertura da Copa das Confederações com o jogo entre Brasil e Japão. O grupo se posiciona contra a realização da Copa do Mundo no país e alega que o dinheiro utilizado para a realização do Mundial poderia ser usado em educação e saúde. A construção do estádio em Brasília consumiu cerca de R$ 1,5 bilhão dos cofres públicos.

Após um início de protesto pacífico, houve correria e tumulto por volta das 13h30. Controlados pela Tropa de Choque, os manifestantes passaram a chamar a atenção dos torcedores que estavam na fila para entrar no Mané Garrincha com gritos de "vendidos" e "vocês também estão sendo roubados" . O clima ficou tenso e houve princípio de confusão.

Como a proximidade entre manifestantes e torcedores era muita, a cavalaria da polícia entrou em ação para dispersar os participantes da marcha. A ação, no entanto, provocou efeito contrário. Parte dos manifestantes passou a jogar água nos cavalos, que acabaram por esbarrar tanto em quem protestava quanto em quem estava na fila para entrar no estádio. Foi o momento mais tenso do protesto. A cúpula da manifestação pediu para que os adeptos parassem de jogar água nos cavalos. Não houve nenhum ferido.

O protesto havia começado apenas com cartazes com frases contra os eventos da Fifa no Brasil. Os manifestantes foram em direção à avenida Eixo Monumental, próxima ao estádio. Quando chegaram em frente ao Mané Garrincha, foram impedidos de avançar. A polícia já havia posicionado a Tropa de Choque para fazer uma barreira.

Não houve confronto nesse momento, mas os policiais chegaram a usar três bombas de efeito moral para dispersar a manifestação.

"Até agora é um protesto pacífico. A ação da Polícia vai acontecer se houver ataque ao patrimônio. Ninguém foi atingido (sobre as bombas jogadas)", disse o tenente-coronel Adilson Evangelista.

  • Veja o que os torcedores estão comentando sobre o assunto na página especial do torcedor no UOL Esporte

Segundo o tenente-coronel, não houve conversa com os manifestantes, pois não há uma liderança. São vários movimentos que se juntaram na frente do Estádio e querem apenas protestar.

De acordo com a Polícia Militar ouvida pelo UOL Esporte na porta do estádio, são cerca de 600 os manifestantes. O Governo do Distrito Federal divulgou nota oficial dizendo serem 200 os envolvidos no protesto. Dos 3.200 policiais militares mobilizados para a segurança da abertura da Copa das Confederações, 1.700, mais da metade, foram deslocados para controlar a manifestação.

Na linha de protesto sem violência, os manifestantes também tentaram "cooptar" policiais que cuidavam da segurança. "Você aí fardado, também já foi roubado", gritavam.

O estádio será palco da estreia da seleção brasileira na Copa das Confederações, contra o Japão, às 16h, neste sábado. A cerimônia de abertura está marcada para as 14h30.

A mobilização para o protesto deste sábado foi feita durante toda a semana pela internet. "Frente a todas as violações aos Direitos Humanos trazidos pela Copa do Mundo. Brasília se tornará, neste sábado, a capital da vergonha nacional", diz a convocação para o protesto na página "Copa para Quem?", que convida "a todos e todas para trazerem seu cartaz, seu apito, seu protesto para o dia da abertura desta Copa que não é do povo".

Um dos manifestantes, o estudante Daniel Gomes citou problemas na área da saúde para justificar sua participação no protesto. "Abandonaram Brasília por causa do estádio. Fecharam o hospital, adiaram cirurgias e uma criança já morreu", disse.

Na sexta-feira, um enorme tumulto ocorreu também nos arredores da arena. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) assumiu a autoria do protesto justificando que milhares de famílias foram despejadas em Brasília, considerando que o governo federal dá prioridade apenas à realização da Copa.

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