Goiânia supera eixo Rio-SP e vira principal casa da seleção no Brasil

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Goiânia

  • Paulo Passos/UOL

    Torcida goiana no clássico do ano passado, contra a Argentina; cidade virou a "casa" da seleção

    Torcida goiana no clássico do ano passado, contra a Argentina; cidade virou a "casa" da seleção

O Estado de Goiás só tem um clube na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, não possui um estádio do padrão Fifa e sequer pode se gabar de nunca ter vaiado a seleção brasileira. Mesmo assim, a capital Goiânia é a casa da equipe verde-amarela no país desde 2010, tendo recebido mais vezes a sua visita que centros mais tradicionais como Rio de Janeiro ou São Paulo.

No atual ciclo, a cidade abrigou a seleção brasileira em duas partidas: contra a Holanda, em 2011, e contra a Argentina, em 2012. Além disso, receberá a partir desta segunda-feira a maior parte da preparação da equipe de Luiz Felipe Scolari para a Copa das Confederações, dividida em suas passagens distintas.

Nas quatro "visitas" a Goiânia, a seleção somará 14 dias de trabalho na cidade. No Brasil, quem chega mais perto desse número é São Paulo, que recebeu a equipe duas vezes em oito dias, ao todo. O Rio de Janeiro, historicamente o local mais usado pelo time, só ganhou o gostinho de ver Neymar e companhia na última semana, por seis dias. No "itinerário" da CBF, Goiânia só perde para Londres, que tem 17 dias de estadia da seleção desde a última Copa do Mundo.

A capital inglesa recebeu os amistosos contra Escócia e Gana na gestão Mano Menezes, e Inglaterra e Rússia já com Luiz Felipe Scolari no comando. Além disso, o Brasil passou 21 dias em Los Cardales, na Argentina, durante a Copa América. Na época, no entanto, a seleção estava em uma competição oficial e não tinha tantas opções para adotar como base.

No exterior, quem decide os destinos da seleção é a ISE, empresa árabe que comprou os direitos dos amistosos da seleção brasileira até a Copa do Mundo de 2022 e restringe as opções de escolha da CBF. No Brasil, no entanto, a confederação costuma ter maior participação na negociação.

As idas a Goiânia não são por acaso. A cidade, alijada da Copa do Mundo de 2014, foi devidamente recompensada pela CBF. Em 2011, a boa relação do então presidente Ricardo Teixeira com o governador local, Marconi Perillo, pesou para que a cidade recebesse o jogo contra a Holanda, o primeiro da seleção de Mano Menezes no país, muito disputado por diversas cidades, entre elas Porto Alegre.

Ricardo Teixeira caiu, José Maria Marin assumiu e as relações se mantiveram boas. Pressionado pelo seu passado ligado à ditadura, Marin tem em Perillo um dos poucos políticos que o apoiam publicamente. No ano passado, a dupla mostrou bastante entrosamento quando a seleção foi a Goiânia para o primeiro jogo do Superclássico das Américas - o time de Mano Menezes venceu a Argentina por 2 a 1 sob vaias da torcida.

Apesar de crítico, o público de Goiás é um atrativo para a seleção brasileira. Mais do que a postura no estádio, agrada a CBF a garantia de lotação máxima ou quase isso. Na gestão de Marconi Perillo, virou praxe o governo subsidiar bilhetes para que a "casa cheia" não seja uma preocupação da entidade. Em 2012, por exemplo, o Estado bancou R$ 2 milhões em ingressos no Serra Dourada, utilizados em um programa de troca de notas fiscais.

Goiânia foi apontada na mesma época como sede da preparação brasileira para a Copa das Confederações. Para a comissão técnica, foi um problema. Como o UOL Esporte informou no último sábado, Felipão e Carlos Alberto Parreira preferiam fazer os treinamentos em outro lugar, mas tiveram de engolir a situação.

"Já existia essa determinação [de ida para Goiânia] quando chegamos aqui. Nós acabamos diminuindo para quatro dias de treinamentos lá, seriam cinco. O compromisso já havia sido assumido pela CBF. Mas vai ser um pouco minimizado", disse Parreira.

A seleção chega a Goiânia no começo da noite desta segunda. Felipão e companhia ficam na cidade até a próxima quinta, quando embarcam para Porto Alegre, onde a equipe faz um amistoso com a França no próximo domingo. Na semana que vem, pela programação inicial da CBF, serão mais dois dias na cidade antes da ida para Brasília, onde o time abrirá a Copa das Confederações contra o Japão, no dia 15 de junho. 

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