Flu se aproxima de acordo com Eike pelo Maracanã, mas Fla ainda resiste

Pedro Ivo Almeida, Renan Rodrigues e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Fernando Maia/UOL

    Reformado, Maracanã deve voltar a receber jogos de times do Rio após a Copa das Confederações

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O Fluminense está bem próximo de voltar a mandar seus jogos no Maracanã. Odebrecht e Eike Batista, que nesta quinta-feira venceram a licitação pelo controle do estádio, já assinaram uma carta de intenções com o clube para que ele use a arena em seus mandos de campo. O Flamengo também já foi procurado pelo grupo vencedor da concorrência pela arena. O clube da Gávea, porém, ainda resiste a se comprometer com a concessionária.

Odebrecht e a IMX, empresa do bilionário carioca Eike Batista, integram o Consórcio Maracanã SA. Juntos com a multinacional AEG, eles ofereceram R$ 181,5 milhões ao governo do Rio de Janeiro e ganharam o direito de administrar o estádio por 35 anos.

Para poder assumir o controle do Maracanã, entretanto, o consórcio terá de apresentar ao governo dois contratos com grandes clubes do Rio mostrando que eles mandarão seus jogos no estádio. Sabendo disso, o grupo já se movimentou. Antes mesmo de ganhar a licitação do Maracanã, procurou a dupla Fla-Flu, que não tem estádio próprio.

No Fluminense, o consórcio foi muito bem recebido. De acordo com superintendente administrativo do clube das Laranjeiras, Jackson Vasconcelos, já foi formalizada em um documento a intenção do Fluminense de voltar a jogar no Maracanã e de negociar com o grupo de Eike e Odebrecht as condições para que isso ocorra. "Já dissemos: se vocês ganharem [Consórcio Maracanã], vamos jogar lá [no Maracanã]", resumiu.

As condições para que o clube volte ao estádio ainda não foram detalhadas, explicou Vasconcelos. Só agora, que Eike e Odebrecht ganharam a licitação, essa negociação vai efetivamente começar. No entanto, o superintendente do Fluminense afirmou que não vê nenhum empecilho para um acordo definitivo, nem mesmo relacionado a uma possível cobrança de taxa para utilização do estádio.

FLU JÁ TEM ACORDO COM CONSÓRCIO PARA MANDAR JOGOS NO MARACANÃ

  • As boas relações entre o presidente do Flu, Peter Siemsen, e o empresário Eike Batista, aceleraram o acordo para que o tricolor atue no Maracanã. Um pré-contrato foi assinado e será oficializdo em breve. O time das Laranjeiras aposta no estádio para alavancar seu programa de sócio futebol. Estudos encomendados pelo clube mostraram que a média da equipe deve aumentar no novo palco.

FLA QUER O MARACANÃ, MAS JÁ AVISOU A EIKE QUE NÃO VAI PAGAR NADA

  • O Fla não tem nenhum pré-acordo assinado. O clube já se reuniu com Eike algumas vezes, reafirmando o desejo de jogar no Maracanã e a disposição para fechar o negócio, mas avisou que não irá desembolsar nenhum centavo para isso. Apostando no sucesso da marca e do sócio-torcedor, que pode lotar o estádio, o Fla pressiona os novos donos para fechar de graça os jogos no local.

"O Fluminense já paga para usar o Engenhão, São Januário ou qualquer outro estádio", disse. "O que importa para nós é levar o torcedor para o estádio. Acreditamos no potencial do Maracanã."

O Flamengo, entretanto, não compartilha dessa opinião e por isso se negou a assinar qualquer compromisso com Eike e a Odebrecht. O clube já foi procurado, se reuniu mais de uma vez com representantes do Consórcio Maracanã, mas não quis firmar nenhuma carta de intenção, justamente porque não aceita pagar nada para usar o estádio. O clube terá nova rodada de negociações no início da próxima semana.

Dono da maior torcida, o Flamengo sabe que é fundamental para o lucro do consórcio com o Maracanã. O clube pretende ter até 50 mil sócios-torcedores até o segundo semestre e, com isso, pode levar grande público ao estádio em todos os jogos. Por isso, faz jogo-duro e mantém certa resistência contra a concessionária. Ainda assim, diz acreditar em um acordo em breve.

Se o consórcio não convencer o Flamengo, terá de buscar Botafogo ou Vasco para garantir seu direito sobre o Maracanã. Ambos os clubes já têm seus estádios (Engenhão e São Januário, respectivamente). Nesse caso, a negociação pode ser ainda mais difícil. 

Procurado pelo UOL Esporte, o Consórcio Maracanã não se pronunciou sobre a negociação com os clubes.

Privatização
A privatização do Maracanã foi anunciada pelo governo do Rio de Janeiro no ano passado. Em outubro, foi apresentada a minuta do edital de licitação. Essa minuta foi elaborada com base em um estudo de viabilidade econômica elaborado pela IMX, de Eike, que se uniu a Odebrecht na concorrência pelo complexo esportivo.

Naquela época, o governo do Estado estimava receber cerca de R$ 7 milhões por ano da empresa que assumisse o Maracanã. Esse valor, assim como todo o processo de privatização, já era contestado por políticos e manifestantes, tanto é que a audiência pública para debate da proposta de privatização realizada em novembro teve muita em confusão e protesto.

Isso não abalou os planos do governo, que deu andamento à licitação. Em fevereiro, foi publicado o edital da concorrência. O documento foi contestado duas vezes pelo MPF (Ministério Público Federal e MP-RJ (Ministério Público Estadual), os quais apontaram favorecimento da IMX, entre outros problemas na concorrência.

O UOL Esporte já noticiou, inclusive, que o presidente da IMX, Alan Adler, negociou a administração de áreas do Maracanã antes mesmo da licitação ser oficialmente lançada. IMX e governo do Rio, no entanto, negaram qualquer acordo prévio sobre o Maracanã.

Administração
A nova administradora do Maracanã deve assumir o controle do estádio após a Copa das Confederações. Além de manter e explorar o complexo esportivo, ela terá de fazer obras necessárias para adequar o espaço para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016. É estimado um investimento de R$ 594 milhões no complexo.

Parte desse dinheiro será usado na demolição do Parque Aquático Julio Delamare, Estádio de Atletismo Célio de Barros e Escola Municipal Friedenreich. Todas essas demolições também são contestadas por atletas, treinadores, federações esportivas, políticos e pais de alunos da escola.

CONHEÇA QUEM VAI ADMINISTRAR O MARACANÃ PELOS PRÓXIMOS 35 ANOS

Odebrecht Participações É a subsidiária do grupo Odebrecht responsável pelo desenvolvimento, estruturação até a implantação final de novos investimentos. Atualmente, a empresa tem se envolvido com a administração de estádios do país. Ela participou recentemente da estruturação da gestão da Fonte Nova e a Arena Pernambuco. A Odebrecht é uma das construtoras que está reformando o Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Tem 90% do consórcio.
AEG A empresa americana é a operadora do complexo LA Live, em Los Angeles, e da O2 Arena, em Londres. Além disso, opera mais de 100 arenas em 14 países e é dona de clubes de futebol como o Los Angeles Galaxy e da famosa equipe de basquete Los Angeles Lakers. A empresa promove mais de 3.500 shows por ano. A AEG representa 5% do consórcio.
IMX A IMX faz parte do Grupo EBX, do bilionário Eike Batista. Atua na produção de eventos, gerenciamento de carreiras, hospitalidade e gestão de arenas. A pedido do governo do Rio de Janeiro, fez o projeto da privatização do Maracanã. A IMX tem os 5% restantes do consórcio.

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