MT desiste de construir centro de treinamento para Copa após pagar R$ 275 mil em projeto
Vinicius Konchinski*
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Divulgação
CT da UFMT vai substituir espaço que seria construído na Morada da Serra, projeto que foi engavetado
O governo de Mato Grosso desistiu de construir um dos CTs (centros de treinamento) do Estado planejados para a Copa do Mundo de 2014. Com isso, engavetou indefinidamente um projeto pelo o qual já pagou R$ 275 mil.
O CT de Morada da Serra seria um dos dois COTs (Campos Oficiais de Treinamento) que Cuiabá ofereceria às seleções que vão jogar na cidade durante o Mundial. O espaço seria construído em uma região da cidade conhecida como CPA (Centro Político e Administrativo) e estava planejado, inclusive, para ser transformado em um centro de treinamento de bombeiros depois da Copa.
Considerando essa ideia, o governo de Mato Grosso lançou em 2011 uma licitação para escolher a empresa que faria o projeto formal do CT. A empresa Proplan Planejamento venceu a concorrência e ganhou o direito de prestar o serviço.
Em fevereiro de 2012, o governo assinou o contrato com a Proplan. Comprometeu-se a pagar R$ 275 mil pelo projeto do CT. Pouco tempo depois, porém, desistiu da obra, mas não deixou de pagar a Proplan.
No final do ano passado, o governo de Mato Grosso lançou uma nova licitação. Desta vez, para que fosse construído um COT para a Copa na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). Esse COT deve cumprir a função que o COT da Morada da Serra, originalmente, cumpriria.
O COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014 exige que as cidades-sede do torneio tenham pelo menos dois COTs à disposição das seleções. No caso de Cuiabá, os campos oficiais para treinamento ficarão na UFMT e na Barra do Pari, em Várzea Grande.
O COT da Barra do Pari terá uma área de 52 mil m², capacidade para 3 mil torcedores, salas de imprensa, cabines de transmissão, estacionamento, camarotes, além de toda estrutura para atender os atletas que treinarão no local. Custará R$ 25,5 milhões.
As obras estão em fase de terraplenagem. A previsão é que estejam prontas até dezembro. Segundo um relatório do TCE-MT (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso), entretanto, a construção estava pelo menos 60 dias atrasada no início deste ano.
Já as obras do COT da UFMT ainda não começaram. Na última quinta-feira, foi homologado o resultado da licitação que escolheu a construtora do espaço, o qual terá capacidade para abrigar 1,5 mil torcedorese até pista de atletismo.
O COT da UFMT deve estar pronto ainda em 2013. Vai custar R$ 15,8 milhões.
Obras na Arena Pantanal
Procurado para comentar a desistência do projeto de Morada da Serra, o governo de Mato Grosso, por meio da Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo), informou que está "priorizando" as obras dos outros dois COTs. Segundo o órgão, o CT Morada da Serra ainda será destinado ao treinamento de bombeiros e será construído "futuramente".
"O COT Morada da Serra tem um projeto em elaboração para ser um centro de treinamento para o Corpo de Bombeiros, portanto, será construído oportunamente. Não é uma obra obrigatória para Copa, mas será realizada futuramente, não havendo desperdício dos valores investidos no projeto", declarou a Secopa, sem dar prazos sobre quando pretende tirar o projeto de R$ 275 mil do papel.
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A licitação para definir o consórcio construtor do VLT (veículo leve sobre trilhos) de Cuiabá, atualmente orçado em R$ 1,47 bilhão, tinha o seu vencedor conhecido pelo menos um mês antes da entrega das propostas dos consórcios concorrentes e da abertura dos envelopes.
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No dia 18 de abril deste ano, uma mensagem cifrada publicada no jornal Diário de Cuiabá revelou que o Consórcio VLT Cuiabá, formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda e Astep Engenharia Ltda, sairia vencedor do certame. O MP-MT (Ministério Público de Mato Grosso) foi informado sobre a mensagem e como decifrá-la. A abertura dos envelopes foi realizada no dia 15 de maio, confirmando o resultado.
Esta não é a primeira vez que o governo de Mato Grosso desperdiça o dinheiro do contribuinte com projetos da Copa. Em novembro de 2011, o governo cancelou o contrato da obra de um teleférico na Chapada dos Guimarães, no valor de R$ 6 milhões, que estava sendo construído dentro do planejamento do Estado para a Copa do Mundo de 2014 (e com os recursos destinados a este fim) como equipamento que fomentaria o turismo na região. O equipamento seria construído a 67 quilômetros da capital Cuiabá, sede da Copa.
O contrato assinado em 2009 com a empresa Zucchetto Máquinas e Equipamentos Industriais, que construiria o teleférico, não sobreviveu a uma auditoria interna do Poder Executivo de Mato Grosso. A empresa, porém, já havia recebido R$ 600 mil do governo mato-grossense, e não irá devolvê-los aos cofres públicos.
No mesmo mês do mesmo ano, um imbróglio envolvendo uma compra frustrada por parte do governo de Mato Grosso de dez veículos Land Rover equipados com radares móveis fez com que os cofres públicos sofressem um prejuízo de R$ 2,2 milhões.
Os carros, comprados junto a uma empresa brasileira que representa uma fábrica russa, tinham um custo total de R$ 14 milhões, e foram adquiridos pela Secopa. A justificativa era a de que eles seriam utilizados no patrulhamento da fronteira mato-grossense com a Bolívia para reforçar a segurança da fronteira brasileira durante Copa. Cada veículo sairia por R$ 1,4 milhão.
A aquisição, porém, de acordo com o TCE-MT e com o Ministério Público do Estado, foi feita com uma série de irregularidades, a começar por uma compra sem licitação injustificável, feita junto a uma empresa "constituída às pressas" e "sem nenhuma experiência comprovada", conforme descreve o relatório do TCE-MT sobre o caso.
Resultado: o governo de Mato Grosso resolveu cancelar a compra, e os veículos nem chegaram ao Brasil. O problema, porém, é que a Secopa já havia feito o pagamento de R$ 2,2 milhões antes de receber as Land Rovers, a título de "cheque caução". Quando o negócio foi desfeito, a empresa não quis devolver o dinheiro, e os cofres públicos de Mato Grosso amargam o prejuízo.
* Colaborou Vinícius Segalla, do UOL, em São Paulo
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