Após encontro com Dilma, Blatter volta à Suíça levando apenas promessas e boas intenções

Maurício Savarese

Do UOL, em São Paulo

  • AFP

    Pelé e Blatter observam foto na qual aparecem ao lado da presidente Dilma Rousseff. Sorrisos e só

    Pelé e Blatter observam foto na qual aparecem ao lado da presidente Dilma Rousseff. Sorrisos e só

O saldo final do encontro desta sexta-feira entre a presidente Dilma Rousseff e Joseph Blatter, presidente da Fifa, não foi muito além do êxito em retomar as conversações entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De prático, porém, tudo que Blatter vai levar de volta para a Suíça é a promessa de mais audiências com Dilma, e, ainda assim, sem data definida.

Após uma hora de conversa no Palácio do Planalto, Blatter não saiu com a garantia de que bebidas alcóolicas serão vendidas durante o Mundial, não diminuiu a desconfiança do governo brasileiro em relação à entidade esportiva e não eliminou as restrições a seu secretário-geral, que semanas atrás recomendou um nada diplomático “chute no traseiro” do Brasil por conta dos atrasos em obras relativas à Copa.

 

Quando será o próximo encontro? “Quando ela (a presidente Dilma) estiver na Europa, eu irei. Se estiver no Brasil, virei”, afirmou Blatter, após um almoço concedido pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

Mais cedo, logo após a conversa na sede do governo, o suíço tentou mostrar algum otimismo, com uma dose de cobrança por colaboração entre Fifa e Brasil. “Já era hora de o presidente da Fifa ter uma reunião com a presidente do Brasil”, disse o cartola, ao lado do embaixador da Copa, Pelé, e do ex-jogador Ronaldo, membro do  Comitê Organizador Local (COL).  “Concluímos que precisamos trabalhar juntos, de mãos dadas.”

PELÉ: "É PARA ME CHAMAR DE BOMBEIRO"


Ciente da antipatia de Dilma pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol Ricardo Teixeira, o presidente da Fifa não o citou na conversa. Dedicou o mesmo tratamento a seu substituto, José Maria Marin, que nem sequer estava no encontro. O suposto novo homem forte do COL (Comitê Organizador Local da Copa) está na Argentina, onde se reúne com o presidente da associação de futebol local, Júlio Grondona. “Não discutimos detalhes”, justificou-se.


Confusão sobre a lei Geral

Nem os governistas sabem explicar se há ou não um acordo assinado com a Fifa para a venda de bebidas alcóolicas no Mundial. A visita de Blatter não serviu para colocar ponto final no assunto e várias saídas legislativas estão sendo cogitadas para resolver o assunto. Entre elas, uma solução fácil para o Palácio do Planalto e difícil para a entidade esportiva: não proibir nem autorizar a venda, de forma que os Estados-sede decidam o que farão.


O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi exaltado por Blatter como o seu principal interlocutor para a Copa. E o comunista tampouco garantiu que o Mundial será realizado nos parâmetros que a Fifa deseja. “O governo vai confiar na decisão da Câmara”, afirmou, depois do almoço com o dirigente. Ainda assim, ele reafirmou que “todas as exigências serão cumpridas”.

O novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), se disse pessoalmente contrário à venda de bebidas em estádios. Mas admitiu trabalhar pela decisão do governo, em respeito aos acordos assinados, sem dar mais detalhes. Na comparação com a última visita de Valcke ao Brasil, em novembro, quando as mesmas declarações eram dadas sob um pouco menos de tensão, a diferença parece ter sido Pelé.

“Disse à presidente Dilma para não me chamar de ministro, é para me chamar de bombeiro, para apagar as fogueiras. É isso que estou fazendo”, afirmou. O ex-jogador ocupou a pasta dos Esportes no governo de Fernando Henrique Cardoso. Se tudo que Blatter conseguiu é a promessa de mais reuniões, o Rei do Futebol também poderá atuar secretário bilingue.



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