Pressão de torcedores e promoções combatem elitização de arenas pós-Copa

Danilo Valentini

Do UOL, em São Paulo

  • REUTERS/Ricardo Moraes

    O Maracanã, onde Botafogo, Fluminense e Flamengo adotam preços distintos de ingressos

    O Maracanã, onde Botafogo, Fluminense e Flamengo adotam preços distintos de ingressos

Os primeiros dias do futebol brasileiro após o encerramento da Copa já apresentaram, na prática, medidas que visam apagar um pouco da força do que se chamou de elitização o processo iniciado com a inauguração das arenas que receberam os jogos do Mundial. Os preços altos registrados em muitos dos estádios novos ou reformados ainda persistem, mas reclamação de torcedores, promoções e negociações já indicam que pode haver uma mudança no cenário.

Nesta semana, dois episódios revelam que a pressão do torcedor pode ser decisiva. Um grupo de torcedores do Internacional protestou contra os valores dos ingressos (entre R$ 80 e R$ 100) para o jogo contra o Flamengo, no próximo domingo (20), no Beira-Rio. Cartazes apresentavam mensagem como "Ingresso R$ 80?", "Devolvam o clube do povo" e "O Povo fez o Inter". Os preços estão mais altos do que os praticados, por exemplo, na partida do Internacional contra o Sport, no dia 4 de maio. O ingresso mais barato saia por R$ 40.

A segunda iniciativa ainda é embrionária, mas acontece dentro do clube de maior torcida do Brasil. Uma corrente no Flamengo defende que seja criado no Maracanã uma área em que os ingressos tenham preços a partir de R$ 30. A ideia, porém, encontra resistência dentro da própria diretoria, que teme dar 'um tiro no pé' no seu projeto de sócio-torcedor, em que o associado paga preços até 75% mais baixos. Já a concessionária que administra o estádio avalia que qualquer medida pode ser aplicada, desde que debatida antes com o clube, o que ainda não aconteceu justamente pela ideia não ter sido decidida totalmente pelos rubro-negros.

O Maracanã, aliás, vive uma situação curiosa: enquanto o Flamengo busca formas de baixar os valores em reuniões que ocorrem antes de cada jogo para se estudar a demanda para definir o melhor preço, o Fluminense encontrou uma fórmula bem-sucedida no primeiro semestre, quando fixou os preços em R$ 10 (R$ 5 a meia-entrada). A média de público (pagante) dos jogos contra o Flamengo e o São Paulo ficou em 21,5 mil torcedores. Já o rubro-negro levou um pouco menos de gente aos jogos contra o Palmeiras e o São Paulo: média de cerca de 20,5 mil pessoas, com ingressos que partiam dos R$ 60 (sem contar os descontos de meia-entrada para estudantes e sócios-torcedores).

O barateamento de preços como forma de levar mais público aos estádios já surge como uma tendência em algumas das arenas que receberam jogos da Copa do Mundo. Na Arena Pantanal, na capital mato-grossense, o Cuiabá anunciou que o jogo contra o Paysandu, na próxima rodada, terá valor único: R$ 20. Na Arena Pernambuco, o Náutico tem tentado aumentar a presença de público com uma promoção em que a compra antecipada (até as 14h do dia partida) renda desconto de 50%.

Em Natal, antes da Copa, a diretoria do América-RN havia estipulado que mulheres pagavam R$ 10 e o ingresso mais caro custava R$ 70. No jogo desta terça (15), contra o Bragantino, o setor mais em conta saia por R$ 20 (meia entrada R$ 10) e, o mais caro, por R$ 70 (R$ 35 a meia). Em Fortaleza, os preços cheios começam nos R$ 30 e vão até os R$ 80 (o teto ia aos R$ 100 antes do Mundial).

Em algumas arenas, entretanto, pouco mudou do primeiro semestre para cá. Itaquerão (SP) e Mineirão (MG) voltam a receber jogos do Brasileirão com preços semelhantes aos praticados antes da Copa.

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