Tetracampeão mundial em 1994, Gilmar Rinaldi, novo coordenador de seleções da CBF, tem em seu currículo apenas dois anos de trabalho como dirigente remunerado. Em 1999 assumiu o cargo de superintendente do Flamengo, clube que defendeu como goleiro entre 1991 e 1994.

Porém, desde os tempos de jogador ele mantinha bom relacionamento com dirigentes. Inclusive com Ricardo Teixieira, ex-presidente da CBF e que tem um pacto com a atual cúpula. José Maria Marin se comprometeu em manter na entidade os antigos colaboradores de seu antecessor até Marco Polo Del Nero assumir a presidência, em abril do ano que vem.

Porém, após o vexame na Copa do Mundo, dois deles, o médico José Luiz Runco e o assessor de imprensa Rodrigo Paiva, foram afastados.

Com a contratação de Rinaldi, no entanto, Marin coloca a reformulação da seleção brasileira nas mãos de alguém que tem um histórico de boas relações com o ex-presidente. Tanto que em 1998 Gilmar foi observador da seleção na Copa da França, com Teixeira no comando da entidade.

Na ocasião, a tarefa do ex-goleiro era analisar os adversários do time nacional. Mas foi ele quem informou a Teixeira que Ronaldo havia chegado ao estádio para a decisão, depois de passar por exames e quando seu nome não estava entre os titulares na súmula. Pediu para o cartola convencer o delegado da partida a colocar Ronaldo no time titular sem contar uma substituição. A manobra deu certo, e o episódio envolvendo Ronaldo virou alvo até de CPI.

Depois da experiência como dirigente do Flamengo, Rinaldi se aconselhou com os técnicos Alex Ferguson e Arsène Wenger antes de virar empresário. Como agente, seu cliente mais badalado e problemático foi Adriano. Por várias vezes o ex-goleiro se queixou nos bastidores do comportamento do cliente.

Em 2011, o empresário rompeu com o atacante. Estava magoado por ter ficado de fora da negociação do jogador com o Corinthians. Numa entrevista coletiva atacou Ronaldo, que ajudou na ida do imperador para o clube. "Para mim o Adriano nunca foi um projeto de marketing. Eu acho que, de uma forma irresponsável e inconsequente, ele [Ronaldo] convence o Adriano a fazer o contrato sem mim. Ele não perguntou nada a mim. E ele sabe que eu sou agente dele há vários anos. Eu apresentei os dois na época da Inter. Estamos falando de um ser humano, pai de dois filhos. A vida dele continua depois do Corinthians", disse Rinaldi na ocasião.

Mas a rusga não atrapalhou o relacionamento do agente com o clube paulista. Danilo e Fábio Santos, seus clientes, viraram homens de confiança do técnico Tite, campeão da Libertadores e Mundial pelo Corinthians e cotado para assumir a seleção brasileira, agora sob a batuta de Rinaldi.

Na entrevista de sua apresentação, nesta quinta, no Rio, o novo coordenador disse que na véspera avisou seus jogadores de que a carreira de empresário está definitivamente extinta.