Advogado será indiciado por ajudar fuga de executivo; ele diz ser ameaçado

Do UOL, no Rio de Janeiro*

O advogado do inglês Raymond Whelan será indiciado nesta quarta (16) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro pelo crime de favorecimento pessoal. Fernando Fernandes é suspeito de ter facilitado a fuga do executivo, que estava no Copacabana Palace até a tarde de quinta-feira (10), minutos depois de a Justiça decretar sua prisão preventiva.

A informação sobre o indiciamento foi divulgada pelo delegado Fábio Barucke, titular da 18ª DP (Delegacia de Polícia). Barucke é o responsável pela investigação que desbaratou a quadrilha que vendia ilegalmente ingressos da Copa do Mundo de 2014. Whelan é acusado de ser o líder do grupo.

Whelan estava foragido até segunda-feira (14), quando entregou-se à Justiça.

Num vídeo obtido pela polícia, Whelan aparece deixando o Copacabana Palace pela porta dos funcionários minutos após sua prisão ter sido decretada (veja acima). Ele estava acompanhado do advogado Fernandes.

Agentes da 18ª DP (Delegacia de Polícia) do Rio suspeitam que o advogado recebeu informações de que Whelan seria preso e auxiliou o executivo a escapar da polícia naquela tarde. Por isso, ele será indiciado.

Isso significa que o nome do advogado será apresentado ao Ministério Público. O órgão então decidirá se apresentará uma denúncia contra ele. A partir de então, ele passaria a responder pelo crime na Justiça.

O caso já vinha sendo investigado pela polícia desde a semana passada. Fernandes já foi convocado para depor na 18ª DP e não compareceu. Ele será intimado novamente para comparecer à delegacia nesta quarta. 

Fernandes nega ter cometido qualquer ato ilegal e, por isso, já pediu dispensa do depoimento. Ele ainda disse estar sendo ameaçado pela polícia por estar defendendo Whelan (leia nota abaixo). Afirmou, porém, que não vai se amedontrar e pode até recorrer à Justiça para bloquear a investigação.

Além de Fernandes, também está sendo investigado por auxiliar a fuga de Whelan um funcionário do Copacabana Palace. Ele já depôs a polícia. Negou favorecimento.

Advogado responde

Leia íntegra da nota divulgada por Fernandes:

"Se persistirem as ameaças policiais, recorrerei via habeas corpus", diz advogado

O advogado Fernando Fernandes está entrando com uma petição ao delegado Fábio Barucke, informando que ele tem impedimento legal de prestar qualquer esclarecimento a respeito dos fatos envolvendo a defesa de Raymond Whelan, garantido pelo artigo 133 da Constituição Federal. Por essa razão, está pedindo dispensa do depoimento marcado para amanhã. "Não irei me amedrontar diante das ameaças policiais", afirma.

Segundo Fernando Fernandes, diante da tentativa de impedir o livre exercício profissional da advocacia, ele impetrará um habeas corpus pedindo o "trancamento do procedimento". O advogado informa, ainda, que a Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro deferiu o pedido de assistência feito por ele a semana passada, em razão das ameaças que o delegado de que o indiciaria.

No dia em que Raymond Whelan foi preso pela primeira vez, Fernando Fernandes entrou com uma petição junto ao Ministério Público, pedindo que fosse investigado o vazamento das gravações das escutas telefônicas, a fim de saber que autoridade autorizou que elas fossem distribuídas. Até este momento, não houve resposta. Também está sem resposta o acesso da defesa aos autos. "Até agora, conseguimos cópia apenas de parte dos autos", diz o advogado.

Operação Jules Rimet

A operação que desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.

Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados a integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo a Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo.

A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.

*Atualizada 18h15

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