A Copa de 2010 revolucionou o futebol. E agora, o que fica de 2014?

Do UOL, em São Paulo

A Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, elevou a Espanha ao patamar de referência no futebol. Não por acaso. O time treinado por Vicente Del Bosque e chefiado dentro de campo por Xavi Hernández e Andrés Iniesta venceu a Copa na bola, jogando mais, com o tiki-taka, e reproduzindo o que o Barcelona de Pep Guardiola e Lionel Messi fazia ao varrer a Europa.

O resultado daquela Copa foram os olhos voltados à Espanha, ao Barcelona e a Guardiola. Desde então o planeta passou a encarar o futebol de forma diferente: posse de bola virou o mais importante princípio, e passes curtos e triangulações viraram características valorizadas. A bola passou a ser tratada com mais carinho, afinal se viu que o volante que sabia construir era melhor do que aquele que só destrói.

Essa Copa, de 2014, também irá influenciar o futebol de forma diferente, a partir daquilo que deu certo e daquilo que deu errado. Veja o que essa Copa deixa de legado para o futebol:

1. Alemanha lidera novo ciclo
O novo ciclo do futebol mundial será liderado pela Alemanha, pela primeira vez na história. De 1958 a 1970, obviamente, os olhos do mundo da bola se voltaram ao Brasil de Pelé, que venceu três de quatro Copas. Depois, a Holanda de Rinus Michels influenciou o mundo inteiro, mesmo sem título, de 1970 a 1978. Com Diego Maradona, a Argentina assumiu o protagonismo até 1990, quando o Brasil voltou aos holofotes com a geração de Romário até Ronaldo, em 2006. Depois da Espanha, que assim como a Holanda de 74 revolucionou o futebol, a partir de 2014 a Alemanha assume esse papel. 

2. O futebol brasileiro ficou pra trás
É incomparável o futebol apresentado pela seleção brasileira e por outras que se destacaram nessa Copa do Mundo. O futebol brasileiro não fica para trás em 2014 só por causa da derrota vexatória por 7 a 1 para a Alemanha, mas por não conseguir superar tecnicamente – com jogadores de melhor qualidade – equipes como Chile e Colômbia, vizinhos, sem tradição, sem jogadores tão bons, mas com coletivo muito melhor. 

3. A Copa premia o planejamento
Não há mais sorte ou imprevisibilidade capaz de superar o planejamento. Essa Alemanha começou a ser preparada há 14 anos, em 2000, após o fracasso do time nacional na Eurocopa daquele ano. O episódio se tornou marco para uma revolução no futebol alemão, e até o governo do país atuou nas mudanças. Clubes de primeira e segunda divisão foram obrigados a implementar categorias de base em programa de estruturação do futebol nacional. Quem trabalha bem recebe mais incentivo. Deu certo, e o resultado é o título de 2014.

4. Camisa não ganha mais jogo
Atrelado ao conceito do resultado a partir do planejamento, cai a máxima de que camisa ganha jogo. Espanha, Itália e Inglaterra caíram na primeira fase. Três campeãs mundiais não conseguiram impor camisa sobre trabalho. Portugal também. A Costa Rica foi o exemplo de que, sem tradição alguma, é possível derrubar gigantes.
O sentimento no Brasil, em relação ao futebol, não passa nem perto do "Tente outra vez". Não houve árbitro adversário ou um único personagem de campo apontado como o grande vilão da queda. Não se pensa que o resultado poderia ser outro se Brasil e Alemanha refizessem a partida pela semifinal da Copa. O sentimento é o de que o Brasil não é mais o país de futebol, e agora precisa se reciclar para voltar ao topo do mundo.

5. Centroavante pra quê?
A Alemanha, que um dia teve Oliver Bierhoff como craque – um centroavante dos menos técnicos das Copas –, agora venceu a Copa ao abdicar da referência dentro da área. Mario Götze entrou como falso 9, em substituição que tirou Miroslav Klose de campo. O jovem, fora da área, foi responsável pelo título no Maracanã. A alternativa do técnico Joachim Löw segue o básico de Pep Guardiola, técnico do Bayern de Munique e determinante influência sobre a Alemanha. Desde que o Barcelona, com Lionel Messi, passou a jogar sem centroavante, diversas equipes do planeta adotaram a medida.

6. Ofensividade: palavra de ordem
Essa Copa não premiou, em absoluto, equipes que priorizaram sistemas defensivos em detrimento de marcar gols. A Argentina, derrotada na final, se marcou por uma defesa quase impenetrável, mas foi a equipe que mais atacou durante toda a Copa do Mundo. A Alemanha é o time que adora a bola e joga para fazer gols: aplicou 7 no Brasil. Além dos finalistas, a Holanda demonstrou ofensividade em uma equipe que procurou a todo instante Arjen Robben. Outra que se destacou foi a Colômbia, de extrema objetividade até a meta adversária. 

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