12 fatores que podem desequilibrar a final entre Alemanha e Argentina

Do UOL, em São Paulo

A decisão da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, colocará frente a frente as seleções de Alemanha e Argentina. Os europeus chegam à final amparados por um trabalho de mais de uma década, iniciado em 2000, enquanto os argentinos veem a pior geração dos últimos tempos, com Lionel Messi, conseguir aquilo que as melhores não foram capazes de fazer. Mas no duelo entre as duas equipes, com 11 de cada lado, outros fatores se tornam decisivos para a vitória de um dos lados.

O que desequilibra para a Argentina?

1. Messi. E o lado direito
A Argentina treinada por Alejandro Sabella foge ligeiramente ao 4-2-3-1 que predomina entre as equipes que jogam com linha de quatro defensores. Faz algo mais parecido com um 4-4-2, em duas linhas, com dois atacantes: Messi, à frente dos meio campistas, caindo mais pelo lado direito, e Higuaín, na área, recebendo pela esquerda. A presença de Messi recebendo bolas em um dos flancos, somadas às atuação de Ángel Di Maria – meia direita –, renderam à seleção argentina predominância completa dos ataques pelo lado direito. Foram 143 investidas por esse setor durante toda a Copa. Di Maria é dúvida, mas sua ausência está longe de matar o lado direito do time.

2. Lavezzi sobre Lahm
A Alemanha começou a Copa do Mundo com Philipp Lahm como primeiro volante, função que hoje desempenha com Pep Guardiola no Bayern de Munique. Mas isso mudou: Lahm voltou à lateral direita, e isso pode render vantagem para a Argentina na sobreposição tática das duas equipes. Ezequiel Lavezzi, ponta esquerda do time de Messi, deve ganhar espaço para explorar. Algo que não acontecerá do outro lado do campo, com Howedes como terceiro zagueiro alemão na esquerda.

3. Mascherano livre
Ninguém deu mais passes (552) nesta Copa do Mundo do que Javier Macherano, primeiro volante da Argentina e jogador do Barcelona. E ele não deverá sofrer tanta pressão como em outras partidas. A Alemanha não tem um meia que atue mais próximo à área. Joga no 4-3-3, com Bastian Schweinsteiger à frente de zaga e Sami Khedira e Tony Kroos à frente. O segundo avança mais, mas sem a bola volta à faixa central do campo. Se colar em Mascherano, quebrará de certa maneira a formação tática.

4. Messi. Na bola parada
A Alemanha é um time mais bem preparado, mas perde em termos técnicos para a Argentina na cobrança de bolas paradas. Principalmente nas diretas. Lionel Messi já marcou um nessa Copa – contra a Nigéria. Na Alemanha, Mesut Özil e Tony Kroos não têm a mesma qualidade nas cobranças.

5. Defesa argentina – laterais presos
Novamente na sobreposição de esquemas táticos, a linha defensiva da Argentina beneficia o embate contra os alemães. Pablo Zabaleta e Marcos Rojo deixam raros espaços às costas e avançam pouco, o que libera Di Maria (Enzo Perez) e Lavezzi. Por isso, deverá ser mais fácil conter Thomas Müller e Özil, pelas pontas da Alemanha.

6. Sem pressão, embalada pelo Brasil
Essa Argentina é, tecnicamente, inferior às gerações de 2002 e 2006, repletas de craques. Não chegou à Copa de 2014 como favorita e agora enfrenta a favorita. Por isso, joga sem a pressão de fracassar caso perca. A favor, tem a expectativa de marcar história caso levante a taça no país do maior rival. A música mais cantada nessa Copa foi o "Decime que se siente", que ironiza a água 'batizada' de Maradona para os brasileiros na Copa de 1990. Se isso virou música depois de 24 anos, um título da Copa com Messi no Brasil pode virar o maior marco da história da seleção.

O que desequilibra para a Alemanha?

1. Acostumados a títulos
Neuer, Lahm, Boateng, Hummels e Howedes; Schweinsteiger, Khedira e Kroos; Müller, Özil e Klose: desses, apenas Howedes e Klose não disputam títulos em seus clubes, apesar de o atacante ser o mais experiente da equipe, artilheiro, e com diversas conquistas na carreira. O time titular tem cinco do Bayern de Munique, envolvidos recentemente em conquistais nacionais e continentais. A Argentina não tem um plantel tão acostumado a enfrentar situações de disputa por troféus.

2. Versatilidade tática Alemanha
Se na sobreposição tática a Argentina leva vantagem ao esquema alemão, o técnico Joachim Löw conta com atletas que lhe permitem grande versatilidade de formação. É possível trocar o esquema da Alemanha sem fazer substituições. Schweinsteiger é primeiro volante, mas atua em qualquer função do meio de campo. Philipp Lahm, lateral direito, joga também no meio. Benedikt Howedes, lateral esquerdo, é zagueiro de origem. Mats Hummels, zagueiro, pode jogar como primeiro volante. Jerome Boateng, zagueiro, também atua pelas laterais. Tony Kroos joga de primeiro volante, meia central ou mais avançado, perto do ataque. Thomas Müller faz tudo. E Özil, agora na esquerda, é armador central.  

3. Banco de reservas
E, se quiser usar o banco, Joachim Löw tem aqueles que devem ser os melhores reservas da Copa. André Schürrle, Mario Götze, Lukas Podolski e Julian Draxler são opções ofensivas. Kevin Groskreutz pode jogar nas duas laterais, como volante, ponta pelos dois lados, meia central e até no ataque.

4. Artilharia. De agora e depois
A Alemanha tem Miroslav Klose, com 16 gols, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo. Mas tem também o maior candidato a superar o próprio Klose: Thomas Müller, com 25 anos de idade e 10 gols. Além disso, Müller tem 5 gols nessa Copa e está a um de igualar o colombiano James Rodríguez. A motivação serve tanto para o veterano quanto para o mais jovem.  

5. Schweinsteiger sacrifica Messi?
Assim como Mascherano, maior passador da Copa, Bastian Schweinsteiger também começa a partida desmarcado na sobreposição dos esquemas táticos. O primeiro volante da Alemanha deve forçar pressão e acompanhamento de Lionel Messi para que a linha de quatro meio campistas argentinos não seja desfeita.

6. Influências de Guardiola
A Argentina tem Lionel Messi, mas é a Alemanha que carrega traços mais marcantes do futebol influenciado pelo técnico espanhol Pep Guardiola. Ele é o treinador de cinco dos 11 titulares da equipe, no Bayern de Munique, e ajudou a levar à seleção características como um primeiro volante técnico, que ajuda na saída de jogo, e os passes mais curtos e rápidos. Não por acaso, a Alemanha é a equipe que mais passa bolas na Copa. São 4169 passes com 82% de acerto, contra 3732 da Argentina, que acertou 78%.

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