Histórico na disputa do 3º lugar anuncia: seleção viverá algo inédito

Danilo Valentini

Do UOL, em São Paulo

  • Getty Images

    A seleção brasileira que enfrentou e venceu a Itália, na disputa do terceiro lugar de 1978

    A seleção brasileira que enfrentou e venceu a Itália, na disputa do terceiro lugar de 1978

Nada do que a seleção brasileira já viveu nos três jogos que fez valendo o terceiro lugar em uma Copa do Mundo deve se repetir ao final do jogo deste sábado, quando a equipe que saiu da semifinal desmoralizada pela Alemanha enfrentará a Holanda, em Brasília, para disputar o amargo prêmio de consolação do Mundial.

Pelo histórico da seleção quando se viu nesta situação, a chance de o Brasil ter um artilheiro da competição (como ocorreu em 1938), uma crise de relacionamento que culmine em algo tão grave como agressões físicas nos vestiários (1974) ou um time que saia da Copa com o título de "campeão moral" (1978) estão, por tudo o que a seleção brasileira fez (ou não) em 2014, fora de cogitação.

Artilheiro do Brasil até agora, Neymar deu adeus a chance de lutar pelo título de goleador da competição assim que tomou a joelhada de Zuñiga. Ali, com a terceira vértebra lombar fraturada terminava sua trajetória no Mundial de 2014: cinco jogos e quatro gols marcados.

Assim, o atacante apenas assistirá a caçada a James Rodríguez, o meia da Colômbia que deixou o Mundial com seis gols em cinco jogos. Robben (3 gols), Messi (4) e Müller (5) têm apenas mais um jogo cada um para atingir o objetivo. Assim como aconteceu com um brasileiro na primeira vez que a seleção disputou uma decisão do terceiro lugar.

Em 1938, o atacante Leônidas da Silva se consagrou como artilheiro da primeira Copa do Mundo disputada na França, com oito gols. Com os dois marcados, foi determinante na virada por 4 a 2 contra a Suécia, abrindo vantagem quase inalcançável para o húngaro Zsengeler, que não marcaria nenhum na final contra a Itália e ficaria estacionado nos cinco gols.

A possibilidade de acontecer algo parecido com o que ocorreu na Copa de 1974 também parece estar longe de se repetir. As inúmeras manifestações de carinho entre os jogadores da seleção dirigida por Felipão nesta Copa, com os jogadores entrando em campo segurando o ombro direito dos companheiros e beijinhos nos rostos a cada substituição deixaram uma imagem que não pode ser comparada ao ambiente que envolvia a equipe comandada por Zagallo, na primeira Copa jogada na Alemanha.

Os inúmeros problemas que o Brasil demonstrou em 1974 (classificação sofrida para a fase eliminatória, mudanças constantes de escalação e apenas seis gols marcados) se arrastaram durante toda a campanha. E justamente no último jogo, na disputa do terceiro lugar, contra a Polônia, um episódio acabou resumindo toda a confusão.

O gol marcado por Lato (que terminaria como artilheiro da Copa, com sete gols) não só garantiu a vitória da Polônia por 1 a 0 como detonou uma briga no vestiário brasileiro após o jogo, em Munique. O goleiro Leão, irritado pela postura ofensiva do lateral-esquerdo Marinho Chagas (que atacava muito sem se preocupar muito com as bolas nas costas), confrontou o companheiro de equipe. Os ânimos se acirraram. Futuramente, os dois jogadores nunca negaram que trocaram agressões.

Clima conturbado que, aparentemente, estaria enterrado na edição seguinte da Copa do Mundo, quando o Brasil saiu da Argentina não só com o terceiro lugar (assegurado com uma vitória por 2 a 1 contra a Itália), mas como "campeão moral" do torneio, por não ter perdido nenhum dos seis jogos e por ter sido prejudicado por um suposto esquema em que o Peru teria facilitado o jogo contra a seleção anfitriã, que com o resultado por 6 a 0 superou os brasileiros no saldo de gols e foi para a final, em que venceria os holandeses.

Com a derrota de 7 a 1 sofrida para a Alemanha na última terça-feira, porém, parece improvável que, mesmo com uma vitória diante da Holanda, o clima generalizado entre jogadores e torcedores seja de alto astral.

 

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