Após rompimento com a Fifa, Mundial de Futebol de Rua é realizado no Brasil

Vanessa Ruiz

Do UOL, em São Paulo

Numa reunião em 2012, as ONGs que organizam o Mundial de Futebol de Rua decidiram que era hora de romper velhos laços. Mais especificamente, o laço com a Fifa.

"Entendemos que, como entidade, a Fifa viola todo tipo de direitos e isso não combina com a nossa proposta", diz Rodrigo Medeiros, coordenador de mobilização do Mundial de Futebol de Rua. Rodrigo logo trata de deixar claro que não o movimento não é contra a Copa do Mundo, mas contra a entidade que controla o evento e o futebol no mundo.

Realizado neste ano sem São Paulo, o Mundial, que reúne jovens de diversos países, está em sua terceira edição, a primeira sem o apoio da Fifa. Segundo Rodrigo, ainda há instituições das cerca de 200 que trabalham a metodologia do "fútbol callejero" ao redor do mundo que são vinculadas à Federação, uma chilena e uma argentina, mas ele diz que a rede está trabalhando para que elas conquistem a independência: "A principal questão é financeira. Algumas simplesmente não conseguem se manter sem a Fifa, ainda".

O custo estimado em cerca R$ 3 milhões para realização do evento foi dividido entre patrocinadores locais e globais de cada delegação. No Brasil, apesar de o Mundial ter o patrocínio da Petrobrás, do Comitê Internacional dos Trabalhadores da Volkswagen e do Banco Volkswagen, há uma preocupação de não expor as marcas nos locais de competição. É nítida a preocupação de Rodrigo – e dos organizadores como um todo – de não colarem sua imagem aos donos do dinheiro como forma de não se tornar refém deles.

O Mundial conta ainda com o apoio de secretarias municipais de São Paulo, que cedeu C.E.U.s para o alojamento das delegações, por exemplo, do SESC, do Sindicato dos Comerciários e da União Geral dos Trabalhadores, dentre outros.

Uma das grandes bandeiras do evento é a ocupação do espaço público, o direito à rua. Por isso, os jogos têm acontecido em uma arena montada no Largo da Batata, zona Oeste de São Paulo, e a grande final será disputada neste sábado (12) em uma arena em plena avenida Ipiranga, no centro da capital. Curiosamente, o segundo dia de competições, acompanhado pelo UOL Esporte, teve que deixar o espaço público para ocupar a quadra do SESC Pinheiros por causa da chuva.

Nada que abalasse os ânimos dos meninos e meninas participantes. Neste ano, são cerca de 300 jovens que disputam partidas em times mistos seguindo regras definidas por eles próprios antes de cada partida. A metodologia do "fútbol callejero" prevê que os jogos sejam disputados em três tempos. No primeiro, define-se as regras. No segundo, joga-se bola. E, finalmente no terceiro, os jogadores debatem, com a presença de um mediador, se todos cumpriram o combinado.

Com a presença de MCs, DJs, grafiteiros e líderes das comunidades envolvidas, o Mundial de Futebol de Rua é, ademais da prática do futebol e da mediação, um espaço de expressão da periferia. O encontro promovido vai além do jogo. É, no final das contas, uma grande troca de experiências.

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