Massacre faz Marin finalmente testar Felipão como escudo. CBF agradece

Do UOL, em São Paulo

Luiz Felipe Scolari encaminhava o Palmeiras para o rebaixamento, no segundo semestre de 2012, quando ficou desempregado. Vivia o pior momento de toda a sua carreira como treinador. E, sem argumentos sólidos, foi o escolhido para comandar a seleção brasileira na Copa do Mundo em casa. A CBF optou por interromper o trabalho de Mano Menezes, em quem não confiava tanto para um projeto tão importante – o mais importante da história. Felipão, agora, após o massacre vexatório diante da Alemanha, será colocado à prova para aquilo que de fato sustentou sua escolha para o cargo: ser escudo.

Felipão vivia o pior momento da carreira. Não havia argumento técnico para contratá-lo. Mas é o treinador da galera, aquele que a enorme maioria do Brasil gostaria de ver no comando da seleção. Por mais que viesse de um momento ruim, foi capaz de conduzir a equipe ao título que parecia tão mais improvável em 2002, na Copa do Japão e da Coreia do Sul. Escolher o técnico do povo tem um resultado natural: a culpa, em caso de fracasso, não será apontada ao dirigente. Ora, ele fez o que o povo queria, não poderia estar errado.

Colocada frente à frente com a Alemanha que venceu o Brasil por 7 a 1 no Mineirão, a contratação de Felipão no fim de 2012 expõe uma total diferença no processo de formação do trabalho. Joachim Löw, técnico da seleção alemã, está há dez anos com o grupo. Foi assistente de Jurgen Klinsmann de 2004 a 2006, e há oito anos é o treinador. Desconhecido, já acumula um terceiro lugar e, agora, uma final. E transformou o time da cintura dura naquele que ficou conhecido pela boa técnica, respaldado por uma ótima geração que ele alimentou com experiência internacional durante quase uma década antes desta Copa de 2014. Felipão, não. Pegou um trabalho interrompido de Mano, que havia pegado outro de Dunga, sem qualquer projeto traçado. E é toda essa falha que um escudo imenso como Felipão ajuda a esconder. Quem está por trás disso está protegido. Mesmo quando são sete os tiros.

Três meses antes do massacre desta terça-feira, Marin afirmou que a Copa o levaria ou para o céu, ou para o inferno. A declaração é um tiro no pé, porque fura até o escudo que Felipão exerce. A diferença em campo, no gramado do Mineirão, foi tão absurda que fica difícil encontrar espaço para criticar o dirigente, e não o comandante do time. Depois do apito final, Felipão ainda assumiu a responsabilidade. Falou que a culpa é dele e ficou assim, sem meias palavras.

Marin deixará o cargo em abril de 2015, e já divide o comando com Marco Polo Del Nero, seu sucessor. Dificilmente a estrutura da CBF será abalada pelo que aconteceu na semifinal dessa Copa do Mundo. O técnico da galera, a partir de 14 de julho, será Tite. Mas nunca mais haverá um escudo como Felipão.

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