Técnicos semifinalistas mostram estilos diferentes para vencer na Copa
Do UOL, em São Paulo
Técnico ganha jogo? Se depender do que a Copa do Mundo de 2014 mostrou até aqui, a resposta é sim. Das "loucuras" de Louis Van Gaal à postura mais centralizadora de Alejandro Sabella, todas as seleções classificadas para as semifinais sofreram alterações pontuais por parte de seus treinadores durante as campanhas e o resultado foi positivo.
Quem mais se destacou até o momento foi Van Gaal e o seu estilo mais arrojado no que diz respeito às substituições. Desde o início da competição, o treinador da Holanda trabalhou com táticas diferentes de acordo com o adversário e variou bastante as peças do elenco. Mesmo contanto com Arjen Robben, que tem realizado um grande Mundial, o técnico se preparou para as mais diversas situações de jogo e se tornou um dos principais responsáveis pelo sucesso da equipe.
Mas nem apenas as alterações de Van Gaal merecem destaque. Os demais treinadores semifinalistas também encontraram formas distintas para vencer os desafios impostos pela competição.
Luiz Felipe Scolari
Com o time base da Copa das Confederações, Felipão demorou a mudar a equipe titular e apostou no trabalho realizado a longo prazo. A alteração mais visível e que influenciou diretamente nos resultados foi a entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho. A mudança na partida contra Camarões e que permaneceu para as demais partidas deu mais solidez ao meio de campo, tanto em passes como em desarmes.
Enquanto o volante do Tottenham, que participou de quatro jogos, acertou 72,5% dos passes que tentou, Fernandinho completou 87,2%. Além disso, o camisa 5, que jogou uma partida a menos, roubou 19 bolas dos adversários, 14 a mais do que Paulinho.
Outro destaque é a confiança em Ramires. Até aqui, Felipão utilizou seis suplentes nos cinco jogos disputados. Entre todos, o que mais entrou foi o volante do Chelsea. Ao todo, foram quatro partidas. A única vez que o treinador não colocou o atleta em campo foi no empate sem gols contra o México.
O "dedo" de Felipão também está na forma mais pegada de jogo da equipe. O Brasil participou dos dois duelos mais faltosos da Copa. Contra a Colômbia, foram 31 das 54 infrações da partida.
O número superou Brasil x Chile, que havia registrado 51 faltas em 120 minutos e era o jogo com mais faltas na Copa de 2014 até então.
O terceiro jogo mais faltoso da Copa de 2014 é Argentina x Suíça, também válido pelas oitavas de final. A partida foi decidida na prorrogação e teve 47 faltas em 120 minutos.
Joachim Löw
O trabalho mais longo entre os semifinalistas é o de Joachim Löw. Técnico da Alemanha desde 2006, ele foi o que teve mais tempo para armar um esquema de jogo e entender melhor as peças que tem a disposição. É exatamente por conhecer bem o elenco que o treinador conseguiu levar seu time até a semifinal.
Por conta de lesões e jogadores longe das melhores condições, como Bastian Schweinsteiger, que começou o Mundial no banco, Löw teve que improvisar em determinados momentos. Uma das mudanças foi avançar o capitão Philipp Lahm para o meio de campo e abrir o zagueiro Jerome Boateng na direita.
A alteração surtiu efeito logo no primeiro jogo, quando Boateng ajudou a parar Cristiano Ronaldo. Lahm voltou para a lateral nos últimos duelos e Schweinsteiger assumiu o posto de titular no meio.
Outra mudança recorrente está no posicionamento do ataque. Como o veterano Klose não possui condições de atuar por 90 minutos no mesmo ritmo, Löw tem apostado em formações sem o centroavante fixo e com Thomas Müller variando no falso 9.
As alterações de Löw funcionaram visivelmente em duas partidas. Contra Gana, o time perdia por 2 a 1. Precisando pressionar, o técnico colocou Miroslav Klose em campo e o resultado foi quase imediato. No primeiro toque na bola, o atacante empatou o confronto. Já nas oitavas, foi a vez de Andre Schürrle brilhar. O jogador do Chelsea entrou no lugar e Mario Götze e fez o primeiro na suada vitória sobre 2 a 1 sobre a Argélia.
Alejandro Sabella
Mais cauteloso, Sabella é quem menos altera o time entre os semifinalistas. O treinador começou o torneio com três zagueiros, mas a tática contra a Bósnia durou apenas 45 minutos. Rapidamente o técnico mudou o esquema, colocando mais um volante (Gago) e outro atacante (Higuaín).
Uma alteração do treinador argentino que teve efeito não diretamente no resultado do jogo, mas sim no desempenho da equipe. Desde que Sergio Agüero se lesionou, na partida contra a Nigéria, Sabella conta com Lavezzi como titular.
Mais móvel, Lavezzi fecha melhor as laterais do campo e acompanha na marcação. Por ter começado no banco, o atacante do Paris Saint-Germain jogou 10 minutos a mais do que Agüero e correu quase 7 km a mais.
Apesar de contar muito com Lionel Messi, autor de quatro gols e uma assistência, Sabella também tem o seu "talismã". Em quatro dos cinco jogos, Lucas Biglia foi quem mais saiu do banco para ajudar os companheiros. O volante foi titular apenas na vitória por 1 a 0 sobre a Bélgica, nas quartas de final.
Louis Van Gaal
O treinador da Holanda foi quem mais ousou entre os que estão na semifinal. O técnico apostou em mudanças das mais diversas para manter o elenco competitivo de acordo com cada adversário.
Uma das mudanças mais marcantes foi a mudança de Dirk Kuyt para a ala direita. O atacante passou a atuar na posição no jogo contra o México, pelas oitavas de final. A tática funcionou e o time avançou. Desde então, Van Gaal não mexe no setor.
Ainda no complicado duelo contra os mexicanos, Van Gaal tirou Van Persie, uma das estrelas da equipe, para a entrada de Huntelaar. O atacante reserva ajeitou de cabeça para o gol de empate e fez, de pênalti, o gol da vitória já nos minutos finais.
A última e mais "louca" foi entre goleiros. Pouco antes da decisão nos pênaltis contra a Costa Rica, pelas quartas de final, Van Gaal tirou Cillessen e colocou Krul em campo apenas para as penalidades. A ideia funcionou e o arqueiro pegou duas cobranças, garantindo a Holanda na semifinal.
Outro fator que marca o trabalho do técnico nesta Copa do Mundo é a rotação do elenco. De todos os jogadores que possui, Van Gaal só não colocou em campo o goleiro Vorm e o meia Jordy Clasie.