Rivalidade entre Brasil e Argentina fica acirrada e marca jogo em Brasília

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

A rivalidade entre torcedores brasileiros e argentinos está cada vez mais acirrada e marcou o confronto da Argentina contra a Bélgica pelas quartas da Copa neste sábado (5), no estádio Mané Garrincha em Brasília. Em maioria no estádio, torcedores brasileiros apoiavam a Bélgica vaiavam o time argentino a todo momento e respondiam às músicas cantados pelos torcedores do país vizinho. Quando os torcedores argentinos cantavam, os brasileiros vaiavam mais ainda e gritavam em coro "Pentacampeão!".

Houve algumas brigas localizadas entre torcedores nas arquibancadas. Da tribuna de imprensa, a reportagem presenciou dois momentos de briga em que a PM e e os seguranças intervieram. Um argentino e três brasileiros foram detidos pela PM e retirados da arquibancada em meio a brigas. Eles foram autuados na delegacia do estádio e seriam liberados para responder pelas brigas em liberdade. Outros dois argentinos foram presos e levados para a 5ª Delegacia de Polícia, próxima ao estádio, por agredir dois torcedores brasileiros dentro do estádio.

Sob forte esquema de segurança da PM, as duas torcidas trocavam provocações dentro e fora da arena, horas antes do jogo começar e durante toda a partida. A maioria dos brasileiros fez questão de comparecer ao Mané Garrincha com a camisa da seleção brasileira e torcer para a Bélgica. Em resposta à música cantada por torcedores argentinos desde o início do Mundial — que entre outras coisas diz que Maradona é maior que Pelé — os brasileiros respondiam em coro com "Mil gols, mil gols, Sou Pelé, Sou Pelé, Maradona 'cheirador'", em referência ao conhecido vício em cocaína que o astro do futebol argentino teve em sua vida e que quase o matou.

Em vários momentos, a torcida brasileira no estádio lembrou do atacante Neymar, que lesionou a coluna vertebral e está fora da Copa após entrada violenta sofrida de Zuniga na classificação para a semifinal contra a Colômbia: "Olê, olê, olê, olê olê, olê, olá, Neymar, Neymar".

A lesão do atacante brasileiro também foi motivo de piada para alguns torcedores argentinos. Horas antes da partida, um deles que não quis se identificar fazia festa no meio da rua com uma réplica de coluna vertebral, festejando a saída do craque da Copa. "Viva Zuniga, viva Zuniga, gritava o argentino".

Nas filas, a troca de "gentilezas" continuava e ouve empurra-empurra em alguns momentos. A reportagem do UOL Esporte presenciou um grupo de argentinos tentando furar a fila e sendo expulso por brasileiros. "Sai daqui argentino mal educado, hoje vocês vão cair na Copa e vão para fora do Brasil", diziam alguns torcedores. Os argentinos respondiam sorrindo e mandando beijinhos.

O torcedor brasileiro Artur Zotti, administrador de empresas de 32 anos, conta que hoje é "belga desde pequenininho". "Hoje é o dia de acabar a Copa para os argentinos, a Bélgica vai mandar eles para casa. É um povo mal educado, sem um centavo e que que se acha demais, chega".

A torcedora Bruna Tranquesi, advogada de 28 anos, concorda. "O problema é que eles são mutuo folgados, ninguém aguenta mais eles no Brasil. O empresário belga Didier Claessins, de 47 anos, estava satisfeito com o apoio. "Vivo em Salvador há 15 anos, então me sinto um pouco brasileiro também", diz ele, que trouxe uma bandeira "belgo-brasileira" para o estádio neste sábado e promete torcer para a seleção brasileira caso o time europeu seja eliminado.

Para controlar a situação potencialmente explosiva, o governo do DF destacou 3.500 PMs para a segurança no entorno do Mané Garrincha — uma parte deste efetivo ficou dentro do estádio. Próximo a grandes aglomerações de torcedores argentinos nas arquibancadas, PMs e policiais argentinos acompanhavam a movimentação de perto e ostensivamente.

O número é o mesmo de jogos anteriores, mas desta vez a polícia ficou mais concentrada próxima à arena. Um cordão de isolamento foi montado pela PM em um raio a cerca de 10 metros dos portões do estádio, e só passava em direção à arena quem tinha ingresso. Foi a primeira vez que isso aconteceu nos seis jogos que o Mané Garrincha recebeu pela Copa até agora.

A expectativa era que muitos torcedores argentinos sem ingressos — ao todo o governo do DF estimou em cerca de 50 mil o número de argentinos na capital federal neste final de semana — fossem até o estádio. Porém, na hora que a partida começou poucas centenas de torcedores se aglomerava do lado de fora.

Dentro da arena, os xingamentos e provocações aconteciam a todo instante — no banheiros, filas e arquibancadas — e em alguns casos não chegou às vias de fato por causa da presença de policiais e seguranças da Fifa.

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