Histórico comprova: Sneidjer pode demorar, mas resolve na hora certa

Do UOL, em São Paulo

  • REUTERS/Ricardo Moraes

A Holanda parecia ter jogado apenas com Van Persie e Robben depois da goleada de 5 a 1 aplicada contra a Espanha, na primeira rodada da Copa do Mundo. Tirando o lateral Blind, que acertou preciosas três assistências, os demais homens da equipe de Louis Van Gaal ficaram em segundo plano. O cartaz era todo dos dois atacantes, que marcaram dois gols cada. Parecia que Wesley Benjamin Sneijder nem havia passado pelo gramado da Fonte Nova.

Mas Sneidjer estava lá, como esteve contra Austrália e Chile, sempre muito discreto e eclipsado por Van Persie e, principalmente, Robben, que ao final da primeira fase acumulavam três gols cada e se tornavam as referências absolutas da seleção holandesa. Contra o México, porém, o calo apertou, e quem apareceu parar tirar a equipe do sufoco aos 40 minutos do segundo tempo foi o camisa 10 da Holanda, que fuzilou a meta de Ochoa, um dos melhores do Mundial.

Resolver situações e jogos complicados fazem parte do histórico de Sneidjer, holandês de 30 anos natural de Utrecht, cidade onde também começaria a jogar futebol. Membro de uma família de jogadores (o pai e os dois irmãos, sendo que o mais novo, Rodney, defende atualmente a seleção sub-19 da Holanda), o meio-campista se mostrou um jogador maduro e talhado para momentos importantes desde o começo de carreira.

Em 2003, quando ainda estava nas categorias do Ajax, Sneidjer foi chamado às pressas pelo então técnico do clube de Amsterdã, Ronald Koeman, que estava com o elenco com muitos jogadores no departamento médico. Aos 18 anos, estreava pela equipe principal de um tetracampeão de Copa dos Campeões (a atual Liga dos Campeões). E garantia ali uma presença cativa e importante entre os titulares, que incluía novatos que já faziam barulho no futebol mundial, como o sueco Ibrahimovic.

Seu desempenho no Ajax teve pico na temporada 2006-07, quando marcou 18 gols na campanha do segundo título da equipe em que esteve presente. Um feito que abriu os olhos do Real Madrid, clube que na mesma época levaria outros dois holandeses (o lateral-esquerdo Drenthe e o meia-atacante Robben). E foi ali, em uma equipe que se renovava e não contava mais com jogadores do naipe de Beckham (de quem Sneidjer herdaria a camisa 23), Zidane e Ronaldo, que o jogador passou a conviver com altos e baixos na carreira.

Escanteado no banco de reservas, Sneidjer foi para a Inter de Milão e viu sua carreira decolar para o ponto mais alto até agora. O jogador, amparado pelo comando de José Mourinho, foi o cérebro da equipe que venceu os três títulos da temporada 2009-10 (Campeonato Italiano, Copa da Itália e Liga dos Campeões). Na competição continental, marcou três gols (metade do artilheiro da equipe disputa, o argentino Diego Milito). Mas todos em momentos complicados, como no gol que iniciou a virada da equipe italiana diante de um Barcelona que vivia um dos seus momentos mais brilhantes dos últimos anos.

Sneidjer chegou voando na Copa do Mundo, mas só foi ser decisivo para valer contra o Brasil, quando marcou os dois gols da virada e se credenciou como a referência da Holanda que terminaria como vice-campeã mundial. Saiu da África do Sul com quatro gols e com status de grande jogador espalhado para o mundo todo.

E foi com o status de referência que chegou ao Galatasaray, no meio da temporada 2012-2013, após passar os últimos tempos da Inter de Milão sem brilho algum. Ao lado de Drogba, deu peso ao elenco e ajudou o clube turco a ser campeão turco. E ajudou a classificar a equipe do lado europeu de Istambul a avançar às oitavas da Liga dos Campeões com uma vitória contra a favorita Juventus. Gol de Sneidjer. Neste sábado, o desafio é contra a Costa Rica, às 17h, em Salvador. 

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