"Para evitar conflitos" com torcedores brasileiros, o governo do DF montou uma estrutura para receber os torcedores da Argentina sem hospedagem -- que pega a Bélgica neste sábado (5) no estádio Mané Garrincha pelas quartas da Copa -- a cerca de 12 quilômetros do centro de Brasília, no estacionamento do pavilhão de exposições da Granja do Torto -- próximo a uma das residências oficiais do presidente da República. O governo do DF espera cerca de 50 mil argentinos na capital federal entre esta sexta-feira (4) e domingo (6).

"O local foi escolhido pela segurança dos visitantes e, também, da população de Brasília para evitar conflitos, fatos ocorridos em outras capitais por onde passaram", diz a nota divulgada pela assessoria de imprensa da Administração Regional de Brasília, responsável pelo espaço. No local, que é longe e isolado, foram montados banheiros e chuveiros temporários. Vendedores ambulantes instalados por ali garantem alimentos e bebidas.

Um telão também deve ser instalado no local. Foi criada ainda uma linha especial de ônibus que liga o local à Fan Fest, em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. "A medida visa dar conforto e segurança aos milhares de argentinos que não se hospedarão em hotéis e que usam barracas, carros ou motor homes como aconteceu em Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo", diz a nota da administração regional de Brasília, sem mencionar o Rio de Janeiro, onde dezenas de argentinos montaram acampamento na orla de Copacabana e Ipanema.

O local conta com posto da PM, de atendimento ao turista, dos Bombeiros e dos agentes de trânsito do DF. Com vaga para 4.000 veículos, apenas cerca de 16 podiam ser contados no início da noite de quinta-feira (3). O maior movimento é esperado a partir desta sexta. De acordo com o governo, não será permitido o acampamento ou pernoite de veículos no Parque da Cidade, que é próximo ao estádio, nem no bolsões de estacionamento da área central.

De acordo com a Secopa-DF (Secretaria Extraordinária da Copa no Distrito Federal), não há custo. Os turistas argentinos que chegarem ao Distrito Federal em carros, ônibus e motor home, que utilizarão os veículos como local de hospedagem no período que estiverem na capital, serão orientados a seguir para  o estacionamento do Parque de Exposições da Granja do Torto. Essa orientação já será dada nos postos das rodovias de acesso ao Distrito Federal, pela Polícia Rodoviária Federal, pelo Batalhão da Policia Rodoviária e pelos agentes do Departamento de Estradas de Rodagem do DF.

'Longe'

Alguns turistas ouvidos pela reportagem aprovaram as instalações, mas acharam o local isolado e longe demais. "A infraestrutura está ótima, Brasília está de parabéns", diz o dentista Pablo Martinez, de 39 anos, que viaja com um grupo de amigos. "Mas me parece um lugar muito isolado, acho que estamos fora da cidade", completou.

O funcionário público Marcos Quiroga, de 28 anos, e os jornalistas Leandro Abraham, de 24 anos, Gonzalo Ruiz, de 30, e Pablo Segura, de 28, entraram numa van no dia 11 de junho em Buenos Aires para vir à Copa e dizem, sem fazer as contas, que já percorreram quase três mil quilômetros até agora. Já passaram por Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e chegaram ao acampamento oficial em Brasília na tarde de quinta-feira. 

"Estamos preocupados com o jogo de sábado", diz Quiroga. "Assim como a seleção brasileira, a nossa não nos deixou tranquilo até agora, é sempre no sufoco", diz. Para o jogo de sábado, apenas Segura e Quiroga possuíam ingresso. "Têm sido assim, tem jogo que não vai todo mundo, tem jogo que só um tem ingresso", conta Ruiz, que pretendia assistir ao jogo na Fan Fest ou em algum bar da capital federal. OS quatro até trouxeram barracas, mas contam que tem dormido juntos na van por ser mais prático.

Por volta das 20h, a seleção argentina desembarcou no aeroporto internacional de Brasília. Meia hora depois, chegou ao hotel Golden Tulip, onde era esperada por cerca de 80 torcedores e dezenas de jornalistas.