Clube português funciona como ´laboratório´ ofensivo da seleção da Colômbia
Do UOL, em São Paulo
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AP Photo/Felipe Dana
O atacante Jackson Martínez corre para abração o meia James Rodríguez, na vitória da Colômbia contra o Japão
Um passe açucarado do meia James Rodríguez para o atacante Jackson Martínez é uma rotina que vai além dos jogos da seleção colombiana. Os dois jogaram juntos por um ano no Porto, clube português que desde 2008 começou a diminuir a presença de jogadores dos países das colônias lusitanas (como o Brasil) para investir em revelações do futebol sul-americano. E foi neste período, justamente, que os colombianos que terão o Brasil pela frente nas quartas de final da Copa do Mundo de 2014, nesta sexta (4), se tornaram nomes importantes do futebol mundial.
Além de James Rodríguez, meia habilidoso de 22 anos que marcou gols em todos os quatro jogos da Copa até aqui (foram 5, que o fazem o artilheiro do Mundial), e Jackson Martínez, atacante forte de 27 anos que entrou no time contra o Japão e não saiu mais, o Porto já foi (ou ainda é) o clube de outros dois jogadores da seleção convocada pelo argentino Jose Pékerman defender a Colômbia no Brasil: o volante Freddy Guarín e o meia Juan Quintero.
Sem contar Falcão García, que sofreu uma séria lesão no joelho esquerdo em janeiro deste ano e não conseguiu se recuperar em tempo de disputar a Copa. O atual centroavante do Monaco, da França, saiu do Porto ao final da temporada 2012-13 (para o Atlético de Madri) por mais de R$ 90 milhões depois de marcar 72 gols nos dois anos que ficou pela equipe portuguesa. E foi o atacante que funcionou como a ponte ente os jogadores que iniciaram e ajudaram a manter a legião colombiana que vem sendo decisiva no domínio que o clube exerce nos últimos anos no futebol local.
Títulos na conta colombiana
De 2008 para cá, quando Guarín chegou ao clube(saiu em 2012, para a Inter de Milão) como o pioneiro colombiano, o Porto conquistou quatro títulos portugueses e uma Liga Europa, em 2011, quando Falcão García marcou o gol da vitória contra o também português Braga e foi eleito pela Uefa o melhor jogador da decisão. Neste jogo, além do volante e do atacante, entrou em campo, saído do banco de reservas, o jovem James Rodríguez, de apenas 19 anos. Ao lado dos colombianos na conquista, o brasileiro Hulk, adversário dos 'cafeteros' nesta tarde, na Arena Castelão.
O jogador que vem sendo a revelação da Copa-2014 terminava ali, da melhor forma possível, a sua primeira temporada pelo Porto, depois de sofrer para entrar em um time que, além de Hulk e Falcão García, tinha jogadores importantes e estabelecidos no clube, como o meia português Varela e o atacante uruguaio Cristian Rodríguez.
Contratado relativamente por uma baixo custo (5 milhões de euros, em julho de 2010), James Rodríguez saía do argentino Banfield como um meia promissor. Três temporadas depois, porém, ia para o Monaco como o então jogador mais caro do futebol francês, por 45 milhões de euros (marca que seria batida uma semana depois, quando o próprio Monaco, de propriedade do bilionário russo Dmitry Rybolovlev, pagou 60 milhões de euros por Falcão García, algo como R$ 160 milhões em maio de 2013).
A saída de James Rodríguez não encerraria com a importante presença de jogadores ofensivos e habilidosos vindos da Colômbia. O atual camisa 10 da seleção que enfrentará o Brasil chegou a jogar uma temporada com Jackson Martínez, que chegou do Chiapas do México para a disputa da temporada 2012-13. Chegou e arrebentou: o atual camisa 21 da seleção colombiana foi artilheiro do Campeonato Português por dois anos consecutivos, com 24 e 20 gols, respectivamente.
Sua atuação destacada no Porto deve repetir o roteiro de seus três conterrâneos que saíram super valorizados. O Valencia sinaliza com 30 milhões de euros (R$ 90 milhões) para tirar Jackson Martínez do clube português. Engana-se quem pensa que esta história acabará por aqui.
Juan Quintero, apontado por muitos na Colômbia como o 'próximo James Rodríguez", chegou ao Porto na temporada passada e, apesar de um início tímido, seus 21 anos fazem o Porto crer que o futuro do meio-campista que usa a camisa 20 no time de Jose Pekérman não terá outro caminho a não ser honrar a tradição dos colombianos dentro do clube.