A seleção brasileira vive um momento de contestação por conta de atuações abaixo do esperado em seus quatro jogos na Copa do Mundo. E as críticas não se resumem ao território nacional.

O jornal espanhol El País publicou um artigo na noite desta quarta-feira intitulado "Scolari brinca com fogo", usando palavras duras para questionar seu trabalho à frente da seleção.

A publicação classifica o técnico do Brasil como "populista", e relata que o treinador está dando um "ataque de demagogia" ao acusar a Fifa de conspirar contra o Brasil para evitar o hexacampeonato.

Logo após a vitória sobre o Chile nos pênaltis, Felipão disse: "Estamos sendo muito cavalheiros, muito educados com os estrangeiros. Falei isso com os jogadores no vestiário. Está na hora de mudar um pouco o nosso discurso. Não devemos ser apedrejados por técnicos, jogadores e imprensa estrangeira. Está na hora de eu voltar um pouco ao meu estilo: ser agressivo. Não estou conseguindo aguentar mais."

O artigo espanhol lembrou que, minutos antes desta declaração, o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, se envolveu em uma confusão com os chilenos e foi acusado de agredir o atacante Pinilla com um soco no vestiário do Mineirão. Paiva foi suspenso pela Fifa e não poderá ir ao Castelão para o jogo contra a Colômbia.

A conversa de Scolari com seis jornalistas brasileiros durante esta semana foi levantada pelo jornal. Felipão teria dito ter se arrependido de pelo menos uma de suas convocações e, publicamente, anunciou o retorno da psicóloga Regina Brandão à Granja Comary.

A avaliação de El País é que a demonstração de fraqueza de Scolari ao dizer não confiar em pelo menos uma de suas peças do elenco e o anúncio público do retorno da psicóloga deixaram os jogadores em uma situação desconfortável.

Para os espanhóis, as atitudes de Felipão são uma tentativa de "blindar a si mesmo". Eles lembram que o técnico já sentiu o gosto de fracassar em casa quando era o treinador de Portugal e, em Lisboa, foi derrotado na final da Eurocopa para a Grécia.

Traçando um cenário do comportamento da população brasileira, o artigo diz que neste momento as pessoas estão conversando sobre o desempenho da equipe, ao contrário do que aconteceu na Copa das Confederações no ano passado, quando o foco estava nos protestos nas ruas.

Críticas de jogadores históricos do Brasil como Tostão e Carlos Alberto Torres à falta de imaginação da equipe e o excesso de choradeira também foram pauta. A crítica a Felipão termina com uma frase utilizada em cinco dos sete parágrafos do artigo, referindo-se ao comportamento do treinador durante a Copa: "Falar de futebol, nada."