Bom para quem? Taxistas de BH reclamam da Copa e falam em 30% de prejuízo

Jeremias Wernek e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Belo Horizonte

  • Isabel Baldoni/ Divulgação Prefeitura Belo Horizonte

    Sindicato dos taxistas prevê pelo menos R$ 1.500 a menos no bolso de cada associado durante o Mundial

    Sindicato dos taxistas prevê pelo menos R$ 1.500 a menos no bolso de cada associado durante o Mundial

A Copa do Mundo não tem dado alegrias para os taxistas de Belo Horizonte. Ao invés de estimular o uso do transporte privado, o Mundial deu origem a um efeito reverso. Retirando usuários ordinários, com férias antecipadas em escolas e faculdades, e reduzindo o número de viagens. Além disso, os serviços disponibilizados pela Fifa para imprensa acabam alijando os carros de obterem um incremento na receita. Resultado previsto: 30% de prejuízo enquanto a bola estiver rolando.

O raciocínio do Sincavir-MG (Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos de Minas Gerais) é de que a Copa quebrou a rotina de uso dos táxis em Belo Horizonte. Menos empresários para ir do aeroporto até uma reunião. Menos estudantes para ir até a faculdade. E sem reposição dos turistas, que já chegam com vans ou ônibus fretados.

"A gente esperava por uma demanda boa, alta. Mas está ocorrendo o inverso, a demanda se retraiu. Houve uma queda, porque muitas coisas na cidade pararam", disse Ricardo Faedda, diretor-presidente do sindicato.

Segundo a instituição, em meses como janeiro e julho o número de corridas historicamente cai em 30%. No Mundial a tradicional despencada no trabalho foi acrescida de outros 30%. No bolso do taxista isto pode significar até R$ 1.500 a menos na receita bruta do mês.

"Em um período normal, a frota da cidade faz quase 80 mil corridas por dia. Mas muita coisa parou, então temos um público flutuante no dia dos jogos, aí existe um aumento", citou Faedda.

O problema é que o Mineirão recebeu até agora cinco partidas – e até o final do Mundial vai acolher mais um jogo. Com isto, serão apenas seis dias de movimento considerado alto.

Outro ponto que frustrou os taxistas da capital mineira foi a estrutura disponibilizada pela Fifa para os jornalistas. Com ônibus particulares, executando rotas diretas de locais da cidade para o Mineirão todos os dias, a frota perdeu um novo tipo de cliente em potencial.

"Esta disponibilidade de transporte a custo zero para a imprensa também pesa, sem dúvida. E outro problema é a desvantagem do táxi perante o ônibus. Não somos autorizados a circular na busway (corredor de ônibus), e aí as corridas demoram mais do que o normal em dias de jogos", comentou o diretor sindical.

"Essa é uma das primeiras corridas com pessoal da Copa. Jornalista tem transporte da Fifa, torcedor de fora do país é pão duro e não quer gastar com taxi. Isso tudo só atrapalha. O Mundial pode ser bom para um monte de gente, mas não para nós, taxistas. Nunca tive um movimento tão fraco", lamentou Carlos Augusto Silva, enquanto levava a reportagem para um treino do Chile na Toca da Raposa.

De acordo com a BH Trans, órgão púbico de controle e fiscalização do trânsito, o uso do corredor de ônibus foi uma solicitação dos taxistas antes da Copa. Mas acabou não sendo acatada para deixar a pista destinada exclusivamente ao BRT, chamado de Move em Belo Horizonte.

A cidade de Belo Horizonte conta com 6.576 táxis e que fazem, em média, 12 corridas por dia. Com uma receita bruta mensal de R$ 5.400.

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