Africanos exigem sofrimento de favoritos, mas dão adeus à Copa do Mundo

Do UOL, em São Paulo

  • AP Photo / Sunday Alamba

    30.jun.2014 - Nigeriano lamenta eliminação da Copa do Mundo na capital do país após derrota por 2 a 0 para a França

    30.jun.2014 - Nigeriano lamenta eliminação da Copa do Mundo na capital do país após derrota por 2 a 0 para a França

Acabou a Copa do Mundo para o continente africano. Os times da região fizeram campanha histórica em 2014 e conseguiram o feito inédito de levar dois representantes às oitavas de final. E tudo ruiu nesta terça-feira, após derrotas emocionantes de Nigéria (para a França) e Argélia (para a Alemanha).

O primeiro europeu a passar sufoco foi a França. Os gauleses sofreram na maior parte do jogo em Brasília, mas controlaram as ações nos 15 minutos finais, acuaram a Nigéria e conseguiram dois gols (Pogba, aos 34min, e Yobo, contra, aos 46min do segundo tempo).

A Alemanha sofreu ainda mais. Contra a Argélia, os germânicos precisaram da prorrogação para vencer por 2 a 1. Os africanos não esmoreceram mesmo depois de estarem perdendo por 2 a 0. Aliás, ao contrário: reagiram, descontaram e tiveram chance de empatar.

A derrota sofrida dos argelinos reedita o clima que a despedida dos africanos teve em 2010. Na Copa da África do Sul, o último remanescente do continente foi Gana, que chegou às quartas de final. O duelo com o Uruguai seguiu empatado até o último lance da prorrogação, quando Luis Suárez interceptou bola com a mão dentro da área. Asamoah Gyan cobrou o pênalti, acertou a trave e levou a disputa para os tiros livres. Aí, venceram os sul-americanos.

A nova queda emocionante dos africanos assegurou que uma das semifinais da Copa será disputada entre um sul-americano e um europeu. De um lado da chave, o vencedor de Brasil x Colômbia enfrentará Alemanha ou França.

O que os africanos fizeram na Copa:

Xinhua/Li Ming

Camarões: era melhor não ter viajado?

A preparação de Camarões para a Copa de 2014 foi extremamente conturbada. Os africanos ameaçaram não viajar ao Brasil porque divergiam da federação local sobre premiação, e nem um acordo conseguiu resolver esses problemas. Com o elenco rachado, o reflexo apareceu em campo: três derrotas em três jogos, com nove gols sofridos e apenas um marcado, e a última posição do Grupo A.

AP Photo/Bernat Armangue

Alguém ainda acredita na Costa do Marfim?

A Costa do Marfim conseguiu aglutinar uma série de jogadores de grandes times europeus. O elenco tem nomes como Yayá Touré e Didier Drogba, que há anos figuram entre os melhores do planeta. E tudo isso para... Não muita coisa. O país esteve nas últimas três Copas (2006, 2010 e 2014), mas foi eliminado na primeira fase em todas. No Brasil, os africanos chegaram à última rodada do Grupo C precisando apenas de um empate com a Grécia, mas sofreram um gol de pênalti aos 47min do segundo tempo e perderam por 2 a 1. Mais uma frustração para a lista do grupo que em 2012 perdeu a decisão da Copa Africana de Nações para Zâmbia.

AP Photo/Themba Hadebe

Na seleção de Gana, o dinheiro não resolve todos os problemas

Faltava um jogo para o término do Grupo G da Copa de 2014, e a seleção de Gana ainda tinha chance de classificação. Dois dias antes da partida contra Portugal, o elenco da equipe africana boicotou treino em Brasília e ameaçou não entrar em campo se não recebesse a premiação que a federação local havia prometido. O episódio teve aspectos insólitos, como uma mala com US$ 3 milhões (R$ 6,7 milhões) em espécie, que foi transportada de avião até o Brasil e escoltada pela Polícia Federal. Horas antes do confronto, Muntari e Kevin-Prince Boateng foram afastados por indisciplina. Mesmo depois de tudo isso, os africanos perderam por 2 a 1 e se despediram do Mundial.

AP Photo/Hassan Ammar

Nigéria, o primeiro quase dos africanos

Em 2013, uma discussão entre jogadores e a federação da Nigéria chegou a ameaçar a participação do país na Copa das Confederações. Neste ano, não houve risco. Os africanos viajaram ao Brasil e conseguiram quatro pontos na primeira fase da Copa, campanha que rendeu o segundo lugar do Grupo F. Nas oitavas de final, duelo equilibrado contra a França, que só venceu com dois gols no fim do segundo tempo.

EFE/EPA/ARMANDO BABANI

Argélia: o segundo quase e o fim do sonho

O revés dos nigerianos transformou a Argélia em última esperança da África na Copa de 2014. Os argelinos haviam sido uma das maiores surpresas da primeira fase, com direito a uma goleada por 4 a 2 sobre a Coreia do Sul (foi a primeira vez em que um time africano marcou quatro gols numa partida de Mundial). Nas oitavas de final, a favorita Alemanha teve de sofrer para ficar com a vaga. Após empate sem gols no tempo normal, os germânicos chegaram a fazer 2 a 0 na prorrogação, mas levaram um gol e até alguma pressão no fim.

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