Sem Lugano, Uruguai melhora e ganha um bombeiro fora de campo

Do UOL, em São Paulo

O Uruguai não teve muito que lamentar quando seu zagueiro e capitão Diego Lugano sofreu uma lesão e foi para o estaleiro, após a derrota para a Costa Rica na estreia da Copa.

Sem ele em campo, o setor defensivo melhorou.  Com ele fora do campo, a equipe ganhou um bombeiro disposto a apagar os incêndios que ameaçam o time. Mesmo que para isso ele precise se queimar.

Ainda que não jogue, Lugano continua forte como a principal voz da seleção que tentará avançar às quartas de final da Copa nesta sábado, contra a Colômbia no Maracanã (o Placar UOL transmite a partida em tempo real a partir das 17h).

Foi assim quando o Uruguai sofreu seu maior golpe dois dias depois da vitória heroica sobre a Itália que fez o time sobreviver ao grupo da morte da Copa. A alegria da classificação foi proporcional à tragédia que a seguiu: Luis Suárez foi banido da competição por uma mordida em um italiano. Lugano, então, teve de sair do banco de reservas para defender seu companheiro.

Mas ao fazê-lo, acabou assumindo uma postura polêmica, dando declarações que flertam com o irreal. Por exemplo, disse que as marcas no ombro de Chiellini, consequência da mordida de Suárez, seriam cicatrizes antigas.

Nesse ponto, a sua versão entra em conflito com a da própria federação uruguaia, para a qual as marcas de mordida seriam, na verdade, uma manipulação feita por Photoshop.

Em entrevista coletiva, Lugano partiu para cima de um jornalista inglês, que simplesmente lhe perguntara sua posição sobre o "incidente" com Suárez. "Que incidente? Que incidente? Do que você está falando? De Copa ou da Premier League?", respondeu o zagueiro. E acusou o jornalista de explorar a punição a Suárez para vender jornal.

Confrontado por mais questões sobre o tema, que tem sido um dos principais assuntos deste Mundial, ele se mostrou contrariado.

"Eu fiquei muito puto porque ontem o Uruguai teve uma vitória histórica contra uma potência do futebol e num lance de jogo, um vai e vem de provocação, normal, acaba a imprensa mundial falando de um fato totalmente desimportante, a começar pela imprensa brasileira", disse o jogador.

"Não sei se vocês jornalistas querem buscar notícia ou estão tentando tirar uma vantagem esportiva", disparou.

Lugano também tem usado suas contas em redes sociais para mandar recados para a torcida e criar um discurso (muito comum no futebol) no sentido de unir a equipe, o discurso segundo o qual estão todos contra a seleção e é preciso vencer os adversários também fora do campo. 

"Os que mandam, mandam, e os fortes são os fortes... não nos julgam com a mesma lei", escreveu ele logo após a punição ao atacante ser confirmada.

Um segundo técnico

Lugano não pretende entrar em campo na partida decisiva contra a Colômbia porque, segundo ele mesmo, não está 100% recuperado e o Uruguai "tem um grupo" que está correspondendo. Sua atuação como orientador, porém, continua intensa ao lado do técnico Oscar Tabarez.

"Depois do primeiro jogo eu fiquei sem condição [de jogo]. Além da decepção pessoal... Tem que deixar de lado e ficar sempre positivo. Eu sou um jogador referência no grupo, amigo e companheiro de todos, sei da minha responsabilidade e de meu dever, continuo nessa atitude."

Essa dimensão extracampo tem sido importante na carreira de Lugano desde sua passagem vitoriosa pelo São Paulo. Foi principalmente por ela que um jogador não muito mais que mediano e bastante criticado no começo se tornou líder da equipe e ídolo da torcida em poucos anos.

Resta saber se essa liderança será suficiente para fazer a equipe uruguaia, com várias limitações técnicas e táticas, avançar na Copa. Os primeiros desafios já foram superados. O próximo começará a ser encarado no mítico Maracanã.    

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