Agora é a vez do galã Cavani fazer a Celeste sonhar com um novo Maracanazo

Vanessa Ruiz

Do UOL, em São Paulo

  • Xinhua/Chen Jianli

    Cavani tenta superar o inglês Hart no Itaquerão: hora do "carregador de piano de luxo" brilhar

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A punição da Fifa que tirou Luis Suárez da Copa do Mundo desmontou a "melhor dupla de ataque do mundo". Foi assim que o ex-atacante argentino Valdano, e outros além dele, descreveu a associação entre Edinson Cavani e Suárez. Dos quatro gols marcados pelo Uruguai na primeira fase, três foram feitos por eles (um de Cavani e dois de Suárez com participação do companheiro em ambos).

Mas o bom funcionamento da dupla sempre dependeu da generosidade de Cavani, que jogava mais atrás para que Suárez brilhasse perto da grande área. Na partida com a Inglaterra, por exemplo, foi Cavani quem segurou Gerrard no meio-campo. Contra a Itália, a vítima do atacante com inclinação para "volante marcador" foi Pirlo.

O jornal uruguaio "El Observador" chamou o atacante do PSG de "o rei do sacrifício na Celeste", e o próprio faz questão de mostrar-se não apenas resignado, mas orgulhoso da função variada: "Temos essa possibilidade de eu recuar até o meio, preenchendo o setor e atrapalhando os meias da outra equipe. Sinto-me contente em poder fazer isso e ajudar o time".

Óscar Tabárez, técnico da seleção uruguaia, não economiza na empolgação ao falar do pupilo: "É um jogador muito importante. Ele assegura equilíbrios que não são tão concretos com outros jogadores no mesmo esquema. Cavani tem claro para si que o principal objetivo é deixar tudo em campo e é um atleta que se entrega ao máximo. Vem fazendo aqui [na seleção] o mesmo que fazia na sub-20".

Edinson Cavani começou a carreira profissional no Danúbio, do Uruguai, na temporada 2006/2007. Foi nesta época também que estreou na seleção sub-20, terminando o Sul-Americano da categoria disputado no Paraguai como artilheiro. Em 2008, já estava na seleção principal e, desde então, saiu poucas vezes. São 65 partidas disputadas com 22 gols marcados. Neste meio-tempo, passou pelo Palermo e pelo Napoli, ambos da Itália, até chegar ao PSG no ano passado.

Entre os companheiros, o galã uruguaio de 27 anos é tido como tranquilo, ao contrário do capitão (e também galã) Diego Lugano, conhecido pelas declarações no mais duro estilo uruguaio. Depois da derrota contra o Chile durante as eliminatórias para a Copa, Lugano deu uma chamada pública nos companheiros: "Aquele que não estiver totalmente comprometido, que estiver cansado, que saia", disse.

Cavani não respondeu, mas seu pai o fez por ele e por todos que tenham se sentido incomodados: "Estas declarações são péssimas. Um capitão não pode falar assim. O capitão deve se sentar com o grupo e devem colocar as coisas no lugar, mas não sair a tagarelar em um microfone para que alguns aplaudam e digam: 'Aí está o capitão'. Que capitão? Capitão era Obdulio Varela", esbravejou em um programa de rádio, encerrando com a referência ao líder do Maracanazo.

Antes da Copa, Cavani foi condecorado "cidadão ilustre" da cidade onde nasceu, Salto. O prefeito havia mencionado a intenção de condecorar Suárez, também nascido ali. Se o plano de exaltação de um dos "filhos da terra" será abandonado por conta da pesada punição aplicada pela Fifa, ainda não se sabe.

Após a derrota para a Costa Rica, Cavani lembrou a importância do Uruguai fazer com que os adversários saibam que "são uma seleção difícil, que tem caráter". A mensagem foi claramente passada nas vitórias sobre Inglaterra e Itália.

Agora, sem Suárez, a dúvida é sobre como ficará o posicionamento de Cavani num time que não apresenta um meio-campo tão criativo e tem se dado bem ao apostar em contra-ataques, muito mais do que armando grandes jogadas. Diego Forlán treinou no time principal ao lado de Cavani nesta quinta-feira, mas a única derrota do Uruguai nesta Copa veio justamente quando a equipe jogou com esta formação no ataque, Cavani e Forlán, contra a Costa Rica. Cavani fez um gol de pênalti e foi tudo o que o ataque conseguiu. Outras opções seriam promover a entrada dos meias Gastón Ramírez, do Southampton, ou Stuani, do Espanyol.

A expectativa é de que, na ausência de Suárez, Cavani consiga se sobressair como o competente atacante que é ao jogar mais à frente. Pode ser a hora do "carregador de piano de luxo" da Celeste finalmente brilhar.

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