Príncipe Harry foge de embaixadinha em SP; Beckham deu o cano na realeza
Vanessa RuizDo UOL, em São Paulo
Ao contrário do seu irmão William, o príncipe Harry não é conhecido exatamente por ser um grande fã de futebol. Mas ele foi o representante da família real britânica escalado para dar as caras na Copa do Mundo aqui no Brasil.
Na última etapa da visita, que incluiu a presença no jogo entre Brasil e Camarões no Mineirão, Harry veio para São Paulo e, depois de passar parte do dia em Cubatão visitando projetos sociais, participou à noite de uma recepção no prédio que abriga o Consulado Britânico no bairro de Pinheiros, na capital paulista.
O horário de início marcado no convite era 18h, mas Harry só chegou perto das 20h. "Fashionably late", ou "elegantemente atrasado", diriam os ingleses quase sempre pontuais, embora na Inglaterra esta fama seja dos alemães. Antes dele, chegaram empresários de todos os ramos, que depois tiveram suas mãos apertadas pelo príncipe. E chegaram também as celebridades.
Alessandra Ambrósio, embaixadora da Victoria's Secret (uma das mais vendidas nos aeroportos brasileiros, local até onde chega a importação dos produtos da marca no país), usou um vestido off-white, ou quase branco, e ouviu do seu acompanhante uma brincadeirinha na saída: "Vestida de enfermeira. Linda, né?".
O único ator presente foi Leonardo Miggiorin. A socialite Alicinha Cavalcanti chegou junto com o cabeleireiro Marco Antonio di Biaggi. Camila Coutinho, do blog Garotas Estúpidas, também foi como convidada, e marcou presença usando um vestido vermelho e sapatos Jimmy Choo.
Havia a esperança de que David Beckham e o chef Jamie Oliver também pintassem por lá, já que foram convidados, mas não aconteceu. Já o prefeito Fernando Haddad esteve lá, mas numa passagem discreta: foi o último a chegar, somente após o príncipe, e o primeiro a sair.
A neo-apresentadora solo Sabrina Sato, sempre bem-humorada, distribuiu sorrisos e simpatia, mas não topou receber o presente que a repórter independente Talita Wingter queria entregar a ela, um leave-in de cabelo (espécie de creme para facilitar o penteado). Talita, que é repórter e cobria a entrada do evento para si mesma, como explicou, era a mais animada. Abordava todos como se os conhecesse há tempos e conseguiu quase tudo a que se propôs. Foi ela a pessoa a estar mais perto de um contato com Harry na chegada do príncipe ruivo.
A segurança não era ostensiva nem agressiva, mas a possível tranquilidade no acesso a Harry foi compensada pela velocidade com a qual ele passou por ali. Era fácil chegar perto, mas não deu tempo. Talita, que tem um canal no YouTube chamado "Talita Sem Edição", conseguiu um segundo da atenção quando estendeu o braço para dar a ele uma outra embalagem de leave-in: "É um presente para a sua avó". Harry fez cara de quem não entendeu, ao que ela repetiu em português: "É para sua avó!". Um membro do staff pegou o produto, mas ele não deve chegar às mãos da rainha Elizabeth II, infelizmente para a moça.
O blogueiro Igor Vieira, de Curitiba, veio a São Paulo para fazer turismo, mas aproveitou o fato de estar na cidade para checar o evento do príncipe. "Consegui vê-lo de frente, mas ele não foi muito simpático", disse. Igor estava com a amiga Valéria Radke, que teorizou: "Aqui, não é necessário que ele se mostre 'bom' como quando visita os projetos sociais. Ele só deu um tchau bem rapidinho". Os dois não acharam Harry muito bonito, contrariando Sabrina Sato, que parecia feliz com a quebra de protocolo que rendeu um breve papo com o príncipe, "alto e bonito", na sua sucinta descrição.
Dona Dalva Coutinho, de 71 anos, ficou na turma dos decepcionados. Vizinha do Centro Brasileiro Britânico, ela esperava o príncipe desde as 10h30 da manhã: "Eu dava umas saidinhas, passava aqui e voltava para casa. Mas, às 19h, vim e fiquei", contou, enquanto tentava controlar o ímpeto amoroso do casal de cães malteses que levou para a porta da festa. "Quero ver o Harry", dizia, sem se conformar com o fato de que já não seria mais possível.
Lá dentro, Harry e os convidados assistiram à apresentação de embaixadinhas. A moça que esbanjava talento com a bola tentou brincar com o príncipe, mas ele não soube muito bem o que fazer e apenas tocou a pelota de volta. Harry deu ainda um discurso em que relacionou o fato de o futebol ter sido criado na Inglaterra, mas ter se desenvolvido mesmo no Brasil. Ele participou de uma breve reunião, visitou a biblioteca e partiu... pela porta de trás.
Os únicos plebeus a testemunharem sua saída foram, na verdade, plebeias. As funkeiras da Jaula das Gostosudas, aquelas que visitaram Neymar na Granja Comary, tentaram entregar um CD ao príncipe: "Conseguimos um tchauzinho, pelo menos".