Com medo da Fifa, Costa Rica teme doping e vistoria até água no Brasil
Samir Carvalho
Do UOL, em Santos (SP)
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REUTERS/Leonhard Foeger
Costa Rica ainda não digeriu o fato de a Fifa convocar sete atletas de sua seleção para o exame antidoping
A seleção da Costa Rica ainda não digeriu a iniciativa da Fifa em relação ao exame antidoping envolvendo seus jogadores na Copa do Mundo de 2014. Além de reprovar a entidade máxima do futebol por ter submetido sete jogadores costarriquenhos ao exame após a vitória contra a Itália por 1 a 0 na semana passada, em Recife, a seleção costarriquenha aumentou o grau de cobrança em relação ao assunto.
O UOL Esporte apurou que na festa de comemoração da classificação antecipada da Costa Rica para as oitavas de final do Mundial, no último final de semana, em Santos-SP, os jogadores exigiram que os garçons abrissem as garrafas de água mineral em cima da mesa, sob os olhares de todo os atletas que estavam na festa.
Segundos pessoas ligadas à delegação da Costa Rica, os atletas alegaram que estão mais cuidadosos, pois ficaram com a impressão que a Fifa está mais rigorosa com a seleção de seu país, principalmente por causa dos resultados alcançados.
Os costarriquenhos se classificaram em primeiro lugar no "grupo da morte", que contava com três campeãs mundiais. O Uruguai ficou com a segunda colocação, enquanto Inglaterra e Itália foram eliminadas.
"Creio que não tenha sido tão ágil como se esperava. Essa parte individual é impossível de manejar. Sempre estamos esperando isso (que os atletas estejam agindo corretamente). Mas por ignorância ou em alguns casos, se recorre a algum tipo de coisas que não são licitas. Pelo menos no ponto médico estamos seguindo o manual da Fifa e só seguimos o que manda a Fifa A e não teremos problema", afirmou o presidente da comissão de seleções nacionais, Adrián Gutierrez.
O dirigente da Costa Rica informou que a seleção já enviou uma carta a entidade cobrando explicações e considerou a atitude como "falta de tato" devido à repercussão negativa após o feito histórico. Até o momento, os costarriquenhos não receberam um retorno da entidade.
"Pedimos explicações a Fifa. Sabemos que é absoluta e que toma as decisões que quiser. Há um regulamento que conhecemos e temos que cumprir. Estamos abertos a comissão antidopagem da Fifa para ceder quantos jogadores eles quiserem chamar. Mas causou suspeita mundial pela quantidade de jogadores e gerou suspeita dos jogadores e isso não estamos de acordo", disse o dirigente.
"Não diria que faltou respeito, mas houve falta de tato", completou.
Após o triunfo diante dos italianos, o goleiro Keilor Navas, o volante Celso Borges, o meia Bryan Ruiz, autor do gol, além dos atacante Joel Campbell, Yeltsin Tejeda e Christian Bolaños, e mais um atleta não identificado, foram encaminhados para o exame. Por praxe, entre dois e três atletas são convocados após cada jogo. Apenas um atleta italiano realizou o exame.
A Fifa, por sua vez, informou que o excesso de testes antidoping feitos por jogadores da Costa Rica antes do jogo contra a Inglaterra fez parte de um procedimento padrão também realizado com outros times. A diferença é que os exames da equipe da América Central foram realizados após a partida, enquanto outras seleções foram testadas antes da Copa-2014.
Para o Mundial no Brasil, a federação internacional instituiu o controle por passaporte biológico, em que são verificadas diversas características para identificar se houve alteração no sangue dos atletas. Isso tem sido considerado como uma inovação da entidade. Esse tipo de exame pela maior parte dos participantes da competição.