A Polícia Federal informou no começo da noite desta quarta-feira (25) que o embaixador de Gana entrou em contato com o governo federal brasileiro para que o valor da premiação da seleção do país pela participação na Copa -- de acordo com a imprensa africana o valor é de três milhões de dólares -- entre no Brasil declarado e de forma legal. Um avião trouxe o "bicho" em dinheiro vivo do país africano e pousou em Brasília, onde a seleção de Gana pega a portuguesa decidindo vaga para as oitavas-de-final do Mundial nesta quinta-feira (26) no estádio Mané Garrincha. O dinheiro foi levado ao hotel da seleção escoltado por batedores e com escolta de homens e viaturas da PF.

Ninguém confirmou oficialmente aqui no Brasil o valor total da premiação em questão. De acordo com a legislação brasileira, quantias em dinheiro vivo acima de R$ 10 mil devem ser declaradas na entrada no país e ter sua origem explicada e comprovada. Caso isso não seja feito, o dinheiro pode ser confiscado pela Receita Federal. não há tributação sobre a quantia.

O técnico da seleção de Gana, James Appiah, disse no início da tarde desta quarta-feira que o dinheiro da premiação dos jogadores e da comissão técnica iria chegar em "duas ou três horas", e que este problema está resolvido. De acordo com a imprensa africana, o governo de Gana está mandando ao Brasil em dinheiro vivo cerca de 100 mil dólares para cada jogador depois que o time se amotinou na terça-feira (24) e ameaçou não jogar a partida de amanhã caso o pagamento não fosse realizado antes da partida.

O técnico não confirmou o valor e se o pagamento está mesmo vindo de avião em dinheiro, mas comentou a polêmica. O time tinha previsto um treino em Brasília na terça-feira que foi cancelado, supostamente por que os jogadores fizeram uma espécie de greve. "É verdade que há questões com relação a alguns pagamento e o governo do pais e a nossa federação está tentando lidar com isso e tudo foi solucionado depois de duas ou três horas", disse ele.

"Eles deveriam ter recebido antes da partida e agora todos estão focados na partida de amanhã. Essa questão deveria ter sido resolvida há bastante tempo e isso não aconteceu. Então os jogadores pediram, o governo interveio está tentando resolver e deve se resolver o mais breve possível", disse o técnico, dizendo que o time está concentrado para o jogo decisivo desta quinta-feira (26)no estádio Mané Garrincha. "Se o dinheiro chegar ou não, eles vão jogar".

"Desde ontem estamos trabalhando nisso. Eles já voltaram a seu normal, já decidimos deixar isso para trás e entrar em campo com o melhor de nós. Já conversamos issso pela manhã", garantiu o técnico.

Questionado se não era um equívoco os jogadores se apegarem a isso em meio a uma luta pela classificação na Copa do Mundo, o que seria o sonho de qualquer jogos e já que todos eles ganham bem na Europa, o técnico defendeu os jogadores da equipe. "Isso não tem nada ver com jogar na Europa. É um direito.Todos recebem para jogar a Copa, é um dinheiro que a Fifa para para todas as seleções, só que depois do Mundial. O que aconteceu com Gana é que foi feito um acordo com o governo para esses valores fossem adiantados, e isso tem de ser cumprido".

O técnico também explicou a suposta exigência da seleção de receber a premiação em dinheiro. "A prática em Gana tem sempre sido pagar em dinheiro e essa é a prática há vários anos", disse. "Alguns jogadores não tem nem conta em Gana. Fazer esse depósito na África ia ser um problema, o sistema bancário é completamente diferente do que na Europa. Somos todos de lugares diferentes e o mais fácil é pagar em dinheiro".

Apesar de defender os atletas, o técnico diz que considera a situação inadequada para quem está buscando uma classificação na Copa. "Eu não durmo há três noite. Agora uma derrota seria muito ruim para os jogadores por que todos vão culpar essa preocupação financeira". "Como falei, essas coisas tinham que ter sido resolvidas antes da competição, mas conversamos com o grupo, o presidente de Gana interveio e vai dar tudo certo".