Perfil de técnicos une Colômbia e Japão na Copa, mas histórico os distancia

Guilherme Costa

Do UOL, em Cuiabá (MT)

  • AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA

    Argentino José Pekerman comanda a Colômbia desde 2012 e conseguiu aliar forte defesa a um ataque que já era talentoso

    Argentino José Pekerman comanda a Colômbia desde 2012 e conseguiu aliar forte defesa a um ataque que já era talentoso

Há muitas coincidências entre o italiano Alberto Zaccheroni, 61, e o argentino José Pekerman, 64. Ambos deixaram o país em que nasceram para treinar outras seleções na Copa de 2014 – Japão e Colômbia, respectivamente. Além disso, impingiram em suas equipes características que contrariam o histórico e até o estilo dos atletas. Entretanto, também há um abismo entre Alberto Zaccheroni e José Pekerman. Essa distância vinha sendo moldada exatamente pela reação às mudanças, e os resultados do Mundial tornaram a dicotomia mais flagrante.

Zaccheroni construiu toda a carreira em times italianos. Foi técnico da Juventus até janeiro de 2010 e assumiu a seleção japonesa após Takeshi Okada ter sido eliminado nas oitavas de final da Copa disputada na África do Sul. É o primeiro italiano e o sexto estrangeiro a comandar a seleção asiática.

Com Zaccheroni no comando, o Japão conquistou a Copa da Ásia em 2011. Além disso, tornou-se em 2013 o primeiro país a se classificar para a Copa do Mundo de 2014. E nem assim o técnico ficou livre de críticas. Um dos principais motivos para isso é que ele promoveu mudanças no estilo de jogo dos nipônicos, trocando a velocidade por força e as trocas de passes por cruzamentos.

As reclamações ganharam corpo na Copa de 2014. Até Zico endossou o coro. "O Japão saiu da característica dele. Enfrentou um time difícil, uma defesa muito forte, e não entendi por que ficou cruzando bolas para a área o tempo todo", disse o brasileiro, comandante da seleção nipônica no Mundial de 2006, em entrevista ao "Sportv" após empate sem gols com a Grécia neste ano.

O Japão de Zaccheroni anotou apenas um gol na Copa de 2014. Mesmo no empate sem gols com a Grécia, jogo em que os asiáticos perderam muitas oportunidades de marcar, o italiano montou uma equipe que priorizou aspectos como marcação e ocupação de espaço. O meia Kagawa, que defende o Manchester United e havia sido titular na estreia, acabou preterido na segunda partida.

"Se toda a equipe estiver funcionando bem vai ficar mais fácil para todos individualmente. Se não estiver funcionando, um jogador que não estiver em uma boa temporada vai ter ainda mais dificuldade. Não há ninguém que tenha feito um bom ano no Manchester United, e ele [Kagawa] está incluído nisso. Tudo depende do coletivo, e é isso que buscamos na seleção", explicou Zaccheroni.

A temporada ruim de Kagawa no Manchester United apenas reforçou um problema da seleção japonesa. O meia e Honda são os principais nomes do elenco asiático atualmente, mas é difícil que ambos convivam no 4-2-3-1 montado por Zaccheroni. Ou mesmo no 3-4-3, esquema alternativo usado pelo técnico. Tudo isso contribui para o atual momento dos nipônicos, que somaram apenas um ponto em dois jogos e dependem de uma combinação de resultados nesta terça-feira para seguir na Copa.

A situação da Colômbia é o oposto. O time sul-americano venceu os dois jogos que fez na Copa e já está classificado para as oitavas de final. E muito disso é responsabilidade de Pekerman, que disputa sua segunda edição de Mundial – ele havia comandado a Argentina em 2006.

Pekerman assumiu a Colômbia em 2012. Encontrou uma geração muito talentosa no meio e no ataque, mas que tinha acabado de perder para a Argentina por 2 a 1 em duelo válido pela quarta rodada das Eliminatórias para a Copa de 2014. O resultado custou o cargo de Leonel Álvarez.

Com Pekerman, a Colômbia ganhou solidez. Foi a defesa menos vazada das Eliminatórias Sul-Americanas (11 gols sofridos em 16 jogos) e tomou apenas um gol na Copa de 2014 (vitória por 2 a 1 sobre a Costa do Marfim). Também foi o time que mais roubou bolas nas duas primeiras rodadas do Mundial (49 desarmes).

Assim como o Japão, a Colômbia nunca foi além das oitavas de final de uma Copa. A melhor campanha da equipe sul-americana aconteceu em 1990, quando a geração de Asprilla, Rincón e Valderrama perdeu por 2 a 1 para Camarões em duelo eliminatório. Em 14 jogos de Mundial antes da edição deste ano, os Cafeteros foram vazados 23 vezes.

A geração de maior destaque da história do futebol colombiano era ofensiva e até um pouco irresponsável. A seleção atual tinha talento suficiente para seguir um caminho parecido. Por isso, chama atenção o peso de Pekerman.

"A seleção empre enfrentou todos os jogos com uma mentalidade voltada à vitória e à competitividade. Isso se deu pelo grande nível do grupo e por entendermos que para crescer é preciso pensar assim. Nenhum interesse individual pode estar acima da equipe", discursou Pekerman.

Nesta terça-feira, o Japão com estilo Zaccheroni e a Colômbia forjada por Pekerman jogarão às 17h (horário de Brasília) na Arena Pantanal, em Cuiabá. Os sul-americanos precisam apenas de um empate para assegurar o primeiro lugar do Grupo C sem depender de outros resultados.

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