Final na Fonte Nova, 2022 na Bahia, e goleadas; Salvador pira na Copa
Vagner Magalhães
Do UOL, em Salvador
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Vagner Magalhães/UOL
Franceses e suíços se dirigem à Arena Fonte Nova, em Salvador
A cidade de Salvador segue o seu ritmo quase normal nesta Copa do Mundo. Acostumada a receber turistas o ano todo, a relação da população local com eles é afetiva. Da invasão holandesa na primeira rodada à festa francesa após a goleada de 5 a 2 contra a Suíça, a cidade ficou lotada. No meio do torneio, ainda promoveu o São João no Pelourinho. A festa é tradicional em todo o Estado e em número de visitantes só fica atrás do Carnaval.
A Arena Fonte Nova passou a ser chamada internamente de "Fonte de Gols". Afinal, foram 17 em apenas três partidas. As goleadas, dizem os torcedores, está no DNA do estádio. Na partida de inauguração, em abril do ano passado, o Vitória bateu o Bahia por 5 a 1. No mês seguinte, nova goleada da equipe rubro-negra: 7 a 3 contra o mesmo Bahia.
A centralidade do estádio faz com que a Fonte Nova seja elogiada. Isso vale também pelas confortáveis instalações. O maior problema vivido pelos turistas tem a ver com a segurança pública, já que eles são o alvo preferencial de furtos. No entorno do estádio, a situação é mais tranquila. Porém, no centro histórico, principalmente à noite, as ocorrências são comuns.
Entre os dias 13, data da partida entre Holanda e Espanha, até o dia 19, 128 turistas registraram queixa na polícia, 90 deles por furto. Três em cada quatro casos ocorreram no centro histórico. Entre os turistas mais visados estão os brasileiros (30 casos) e os alemães (21). Também ocorreram 19 roubos aos visitantes em toda a capital.
Lançado há duas semanas, o projeto Gol Verde previa que para cada gol marcado durante a Copa do Mundo na Arena Fonte Nova, 1.111 mudas de espécies da Mata Atlântica fossem plantadas no Estado. O número equivale ao reflorestamento de uma área do tamanho de um campo de futebol. Com a marca surpreendente de 17 gols nas três primeiras partidas, a soma chegou a 18.887 mudas. Como até um gol anulado foi contabilizado, o número se aproxima das 20 mil mudas.
Ney Campello, que comanda a Secopa-BA (Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo na Bahia), brinca que será possível reflorestar o estádio, se essa média prosseguir até o fim da competição. Mas a sério, ele lembra que a questão é crítica. "Hoje a Bahia só tem preservados 12% da sua Mata Atlântica original. Foi bom que saíssem tantos gols aqui em Salvador, até para que possamos levar esse assunto para depois que a competição acabar", diz.
Uma piada comum nas ruas da capital é que se as denúncias de corrupção tirarem a Copa de 2022 do Catar, ela poderia ser trazida para a Bahia. O argumento é bom: os baianos e os visitantes estão adorando a Copa em Salvador.
Sobre a segurança durante o Mundial, um motorista de táxi dá a sentença. "Aqui há dois tipos de segurança. A da polícia e a dos orixás", afirma. "Quando a molecada sai com a 'kriptonita' (droga) na cabeça, é difícil segurar".