Técnico da Argélia cutuca imprensa e escala terceiro goleiro para coletiva
Marinho Saldanha
Do UOL, em Porto Alegre
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Marinho Saldanha/UOL
Técnico da Argélia, Vahid Halilhodzic, e o terceiro goleiro, Cedric Si Mahamed, concedem entrevista
Imagine o Brasil na véspera de um jogo decisivo na Copa do Mundo e Felipão veta qualquer titular para dar entrevista. E para cumprir o protocolo da Fifa, aparece com o terceiro goleiro na sala de imprensa, hoje, Victor. Foi exatamente isso que aconteceu na conferência oficial da Argélia, neste sábado, em Porto Alegre. O técnico Vahid Halilhodzic, ao melhor estilo Dunga, vive clima tenso com a imprensa do país, distribuiu alfinetadas e escalou Cedric Si Mohamed para falar, terceiro goleiro da equipe e que não tem chance alguma de atuar contra Coreia do Sul no domingo.
Normalmente nenhum jogador falaria. O próprio treinador só dá entrevistas quando forçado. Neste sábado, véspera do jogo contra Coreia do Sul pela segunda rodada do grupo H do Mundial, a entidade impõe a presença do técnico e mais um atleta para falar, normalmente o capitão. Mas Vahid teve ao seu lado o terceiro goleiro, Cedric Si Mahamed.
O camisa 1 pouco disse. A primeira questão feita já simbolizou o pouco interesse nele. "Como se prepara o goleiro suplente para um jogo como este?", questionou um jornalista africano. A resposta foi amena.
Mas quando os questionamentos viraram para o treinador bósnio, que vive ameaça de demissão e independente do resultado após a Copa do Mundo deve assumir o Trabzonspor, da Turquia, o ambiente ficou tenso. Halilhodzic tratou de alfinetar os presentes.
"Vejo que se fala muita coisa da seleção. Vi críticas horríveis após o primeiro jogo. Mas isso são bobagens que as pessoas querem escrever", disse se referindo às publicações da Argélia. "Eu ouvi que temos conflitos internos. Quando vocês inventam essas mentiras? Como são capazes disso? Eu não acredito", completou.
As críticas são fortes. Segundo o jornalista Mohamed Belarbi, do Jornal Liberté, ao menos cinco alterações no time serão feitas para a partida de domingo. E não por escolha do técnico, mas imposição do presidente da Federação Argelina de Futebol.
"É o presidente que me dirá quem vai jogar? A gente ouve muitas bobagens. Não existe ninguém no mundo que me pressione para mudar uma decisão. Quem toma a decisão sou eu. Se alguém conhece esta seleção, pontos fortes e fracos, sou eu. O presidente não interferirá em nada", discordou.
A tensão entre o treinador e os jornalistas seguiu até o momento final da coletiva. Havia, ainda, três argelinos com braço erguido para fazer perguntas, mas não foram autorizados, pelo tempo que já durava a manifestação do comandante.
As trocas no time, independente de terem partido do presidente da Federação, Mohamed Raoraoua, ou do técnico, serão cinco. Saem: Taider, Ghoulan, Mahrez, Mostefa e Soudani. Entram: Mandi, Mesbah, Medjani, Ghilas e Brahimi.
A formação argelina, assim, deve ser: Bohli; Mandi, Boughera, Halliche e Mesbah; Bentaleb, Medjani, Brahimi, Ferghouli e Djabou; Ghilas.
Argélia e Coreia do Sul se enfrentam no domingo às 16h no estádio Beira-Rio. O grupo H é liderado pela Bélgica, com 3 pontos, seguido por Rússia e Coreia, com 1 cada, e a Argélia é lanterna sem ponto algum.