Recorde à vista coloca 'borboletas no estômago' de goleiro da Colômbia
Luis Augusto Símon
Do UOL, em São Paulo
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Best Photo Agency & C / Pier Gia
Mondragón, goleiro da Colômbia, pode bater o recorde de jogador mais velha em uma Copa
Há uma expectativa, quase excitação, muito grande entre jornalistas colombianos, presentes à sala de imprensa, e de torcedores, fora do estádio de Cotia. Todos querem saber se Farid Mondragón jogará contra o Japão na terça-feira. Ele é muito querido por seu passado na seleção, mas não há nada contra Ospina, o titular. O que os colombianos sonham é com um novo recorde.
Mondragón completou 43 anos neste sábado, 21 de junho. Se atuar, será o mais velho jogador a participar de um Mundial, superando Roger Milla, que tinha 42 anos em 1994. Algo a mais a se comemorar nesta seleção, que já superou muitos parâmetros: pela primeira vez está classificada antecipadamente para a segunda fase, pela primeira vez venceu dois jogos seguidos, fazendo cinco gols em dois jogos, igualando-se a 1962, quando alcançou a marca em três jogos.
Os jornalistas são privilegiados em relação aos torcedores. Eles podem perguntar. E perguntam muito a Farid Mondragón, deixando Chistian Zapata, titular do Milan e da seleção, em segundo plano.
Queremos saber se você vai jogar, Farid. Queremos um novo recorde. Não é pergunta, é quase uma súplica.
Mondragón sorri e responde como todos fariam. "Não sei se vou jogar. O que sei é que estou pronto para jogar, como todos os 23 que estão aqui. E também quero deixar claro que, se jogar, não haverá um recorde para mim e sim para a seleção da Colômbia. Aqui, somos um grupo, somos uma família e toda a conquista é coletiva", diz.
Ele sabe do que fala, embora não diga com todas as letras. Em 1994, aos 23 anos, era reserva de Córdoba em uma seleção que chegou aos Estados Unidos com pinta de favorita, após vencer, nas eliminatórias, a Argentina por 5 a 0 no Monumenal de Nuñez, estádio do River Plate. Eram os tempos de Valderrama, Rincón, Asprilla e Leonel Avarez. E o que se viu foram derrotas para Romênia, Estados Unidos e uma vitória contra a Suíça. Não era um grupo unido, todos os jornalistas colombianos dizem.
Cada palavra do aniversariante remete ao passado, sem citá-lo. "Faço 43 anos hoje e é o aniversário mais feliz da minha vida. Estou cercado de amigos. Há dois anos, se me dissessem que estaria aqui, eu não acreditaria, mas estou e muito feliz".
E como se sente um veterano em sua terceira Copa, diante da possibilidade da estreia? Com "borboletas no estômago", o correspondente ao nosso friozinho na barriga, diz Mondragón. "Há duas maneiras de deixar a profissão: por opção e por obrigação. Quando você entra em campo e não se emociona, não tem borboletas no estômago, é hora de parar por obrigação. E eu vou parar por opção", diz.
É fácil entender, ao ouvir discursos emocionais como esse, que a função de Mondragón não é apenas de bater recordes. É de, com experiência e sensatez, ajudar um grupo que tem média de idade em torno de 26 anos, mas que não tem jogadores – exceto ele – que tenha participado de um Mundial.
Quer ler outra frase de Mondragón?
"Um Mundial é muito rápido. É preciso esquecer o jogo de ontem e se fixar no jogo de hoje porque só assim se construirá o amanhã. E depois do terceiro jogo, tudo fica ainda mais difícil".
Se fala coisas assim na entrevista coletiva, o que deve dizer na concentração, junto com os colegas?
E, se falamos de recordes, difícil haver um jogador que tenha atuado em oito países diferentes: Colombia (Depotivo Cali, Real Cartagena, Santa Fé) Paraguai (Cerro Porteño), Argentina (Argentinos Jrs e Independiente) Espanha (Real Zaragoza), França (Metz), Turquia (Galatasaray), Alemanha (Colônia) e Estados Unidos (Philadelfia Union).