Técnico da Espanha fala em tom de despedida: "Não quero ser um estorvo"

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Curitiba

O técnico da seleção espanhola, Vicente Del Bosque, falou nesta sexta-feira em tom de despedida da Fúria em entrevista coletiva no CT do Caju, do Atlético-PR, em Curitiba. Del Bosque, ídolo nacional ao ter levado a seleção ao título da Copa do Mundo de 2010 após anos de impotência, agora dá indícios de que deve deixar o comando após o desastre e a eliminação precoce, em dois jogos, no Brasil.

"Não sei, não sei o que pode acontecer. Não quero ser um estorvo. Quero ficar à vontade, assim como quero que a federação fique à vontade. O que faremos será o melhor para nosso futebol", falou o treinador, em entrevista coletiva solicitada pela imprensa espanhola, que teve até tradução dispensada.

Pela importância de Del Bosque para o futebol espanhol, as perguntas sobre sua saída imediata após a Copa do Mundo – apesar de um contrato até 2016 – dominaram a entrevista coletiva. E, a cada questão, o treinador foi se fechando mais.

"Tenho que dizer que estamos na competição ainda, não é o momento para falar do meu futuro. O que posso dizer é que faremos aquilo que acreditamos que será o melhor para a federação", disse. "Não vou falar nada do futuro. O futuro é a partida contra a Austrália", completou. A Espanha perdeu por 5 a 1 da Holanda, na estreia, e por 2 a 0 do Chile, na segunda partida. Na próxima segunda, enfrenta os australianos já eliminada, na Arena da Baixada, em Curitiba.

Em todas as respostas, Del Bosque afirmou que vai tentar "fazer o melhor para a federação". Naturalmente, o discurso faz parecer que sua saída do comando seria um favor para o futebol espanhol, após o vexame.

"Tentarei ser absolutamente correto com a federação, que me tratou muito bem, me sinto um defensor da federação e do futebol, quero que as coisas funcionem bem. Não quero ser um estorvo. Em setembro começamos a classificação para a Eurocopa. Quero que tudo siga funcionando normalmente, tomaremos a decisão correta", disse, mais uma vez. 

O treinador ainda justificou a decisão de tirar Xavi do time titular após a estreia, e defendeu o ídolo espanhol: "Queríamos limpar o meio de campo, evitar as subidas de Mena [lateral esquerdo da seleção chilena]. Queríamos altura, porque pensávamos que seria importante no aspecto de defesa. Preferimos tirar o Xavi. Ele não foi o culpado da partida contra os holandeses", disse.

Del Bosque também recusou qualquer justificativa para o exame. Disse que a Espanha perdeu na bola: "Não tivemos nenhum problema pessoal. Creio que não houve nenhum assunto que nos perturbou a convivência. Estamos numa situação que quando não encontramos desculpas no futebol buscamos algo mais. E é puramente futebol. Perdemos porque fomos inferiores aos nossos dois rivais. O substancial tem a ver com o futebol, perdemos porque fomos inferiores", concluiu.

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