Técnico do Irã brinca: quer 14 jogadores em campo para parar Messi

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Curitiba

O português Carlos Queiroz, de 61 anos, pode ser desconhecido do brasileiro, mas é um dos pensadores do futebol mais respeitados no planeta. Já trabalhou em três continentes diferentes, em funções distintas. Hoje é técnico do Irã, cargo que ocupa há mais de três anos, mas já treinou a seleção portuguesa, o Real Madrid e outros clubes, além de ter sido o durante cinco anos o principal auxiliar do escocês Alex Ferguson na montagem do Manchester United. E tal currículo permite a Queiroz não levar as coisas tão a sério: após o empate por 0 a 0 com a Nigéria na estreia da Copa do Mundo, em Curitiba, ele diz que vai pedir à Fifa para colocar 14 jogadores em campo para tentar parar o argentino Lionel Messi.

"Agora temos que descansar um pouco. Estamos tentando falar com a Fifa para jogar com 14 jogadores", brincou, em entrevista na zona mista da Arena da Baixada, após conceder longa coletiva de imprensa. É claro, foi uma ironia, mas Queiroz deixa transparecer de certa forma que já não tem mais tanta paciência para os problemas da seleção iraniana. O Irã enfrenta a Argentina pelo Grupo F no próximo sábado.

Em outras respostas, o técnico, normalmente ponderado, mostrou a mesma despreocupação em ser totalmente aparado pelo politicamente correto. O que lhe aborrece são os problemas financeiros da federação nacional de futebol, que não investe no futebol local e nem na seleção. O Irã não disputa amistosos, mal treina e vê seus jogadores serem formados com menos qualidade a cada ano.

"A equipe do Irã não tem um único jogador que alguma vez jogou um jogo de Champions League", diz Queiroz, antes de falar que, por isso, os iranianos não mereciam as vaias da torcida em Curitiba, aborrecida pelo primeiro empate – pior, sem gols – da Copa, e a pior partida em nível técnico até aqui. "Mentalmente, acho que esses jogadores merecem respeito", diz.

E as vaias o incomodaram: "O que você quer que eu faça? Aqui não é ópera, é um estádio de futebol. Um jogo de futebol não é só feito de técnica, é de atitude, luta, espírito, estudo, trabalho. Nós vivemos um futebol que não é profissional, sem condições de treino. Nós jogarmos, o Irã, neste contexto, acho que os jogadores merecem respeito".

Queiroz gosta de conhecer diferentes cenários do futebol. Não é do tipo que almeja uma carreira na Europa. E, talvez, ele possa voltar ao Brasil em breve. O técnico português revela que tem como projeto de carreira ser treinador de um time brasileiro. E afimar que até já teve propostas para isso.

"Sim, naturalmente. Uma das coisas que sempre disse na minha carreira era que queria treinar um clube brasileiro. É um sonho de carreira. Treinar uma equipe em que a técnica está grantida é sonhar alto. Quando você treina uma equipe em que você tem que ensinar a parar a bola, passar, fica mais difícil, por isso tenho essa vontade de treinar um clube brasileiro. Já tive uma ou duas oportunidades, quem sabe um dia isso não aconteça", afirmou.

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