Grondona é tão estrela quanto Messi para revista oficial da Argentina
Jeremias Wernek
Do UOL, em Belo Horizonte
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Jeremias Wernek/UOL
Julio Grondona, presidente da AFA, foi centro de matéria com seis páginas em revista oficial
Julio Grondona no mesmo nível que Lionel Messi. Para a revista oficial da AFA (Associação de Futebol Argentino), as coisas são assim. No exemplar distribuído aos jornalistas na cidade do Galo, o cartola hermano tem o mesmo destaque que o craque do Barcelona.
As duas maiores matérias da publicação, chamada de 'livro oficial da seleção argentina na Copa do Mundo do Brasil' tratam de Messi e Grondona. São seis páginas para cada um dos personagens, com direito a gráficos e galeria de fotos.
Além dos textos exaltando o jogador e o cartola – no cargo há 35 anos –, a revista também traz um perfil do técnico Alejandro Sabella. E um outro texto sobre Carlos Bilardo, treinador campeão da Copa de 1986. Mas todos com menos destaque que a dupla Lionel e Julio.
Messi, que estampa a capa da revista, ganhou um texto assinado por Jorge López, jornalista do Diário Olé. Ali, a tentativa da Espanha de levar Lionel, naturalizando e fazendo ele jogar pela seleção europeia, é relatada com romantismo. E com citação a Julio Grondona.
"[...] Em junho de 2004 recebeu o primeiro chamado da AFA para participar de um amistoso contra o time sub-20 do Paraguai, sorriu como uma criança solta em uma loja de doces. O olhar de Grodona foi fundamental para não perdê-lo", diz o texto.
Uma compilação de frases divide as fotos e o texto sobre Messi. Até declarações de Lula, Fidel Castro e Barack Obama foram usadas para reforçar a ideia de que o 'mundo está aos pés' do camisa 10 argentino.
Depois de exaltar o patriotismo de Messi para dizer não aos espanhóis, a revista cita Grondona outra vez. Quando apresenta o complexo habitacional e esportivo de Ezeiza, em Buenos Aires. Além de dar crédito ao cartola pelo surgimento do local, o artigo ilustra a descrição das áreas com duas fotos do chefão: uma ao lado de Joseph Blatter, presidente da Fifa. E outra com a esposa Nélida Pariani de Grondona, falecida em 2012, vítima de câncer.
Na página 56, enfim, surge a matéria específica sobre o dirigente. Com frases ditas por Grondona desde 1979, o texto valoriza o crescimento do futebol argentino com base em 11 temas. Que vão desde os clubes, o complexo de Ezeiza, seleções de base, estádios nacionais e Messi, claro.
"Depois do Mundial sub-20 na Holanda, em 2006, eu disse a José Pekerman (então técnico da Argentina): 'Você busca 22, pois um já está aqui. E parece que eu não errei", disse Grondona à revista El Gráfico em 2006 e reproduzido na revista da AFA.
O destaque para Grondona ocorre pouco mais de um mês depois da oficialização de uma mudança grande no futebol argentino: o inchamento da primeira divisão nacional, que a partir de 2015 contará com 30 equipes. A decisão foi vista como um retrocesso e com fundo político.
Na semana passada, Maradona deu o mais recente exemplo de que o dirigente não tem grande prestígio público. O ídolo máximo dos argentinos afirmou que deseja toda sorte do mundo para Alejandro Sabella. E só a ele. "Desejo toda a sorte para Sabella. Para Bilardo e Grondona não. Para eles eu desejo todo o azar do mundo", disparou Maradona.