Durante a Copa do Mundo, a entrada no apartamento do administrador Antônio José de Albuquerque, de 52 anos,  só poderá ser feita pela cozinha: a porta da sala de estar está bloqueada pelas cadeiras da mesa de jantar, que, por sua vez, viraram armário.

O esforço é para fazer caber no imóvel de dois quartos e 70 m 2 no bairro Funcionários, região centro-sul de Belo Horizonte (MG), sete amigos argentinos, que vieram de San Juan, no oeste do país, para curtir os jogos no Brasil.

"Tive que pedir colchões emprestados a todos os vizinhos", conta Antônio. "E risquei o chão com giz para demarcar o espaço de cada um", brinca.

Pela casa, além dos colchões encostados na parede ou colocados lado a lado no chão, há outros sinais da presença 'hermana', como um par de chinelos que imita uma camisa 10 de sua seleção. Mas o símbolo mais clássico estava na cozinha: um porongo, como chamam a cuia em que bebem erva mate.

Antônio aceitou receber os argentinos porque é amigo de um deles, Gustavo Galindo, de 39 anos, de quem foi colega de mestrado na Espanha. Os dois seguiram se falando por e-mail e pelas redes sociais, mas há 12 anos não se viam.

Em outubro de 2013, Gustavo mandou uma mensagem a Antônio pedindo que o ajudasse a encontrar hospedagem em Belo Horizonte para o Mundial. "Antônio respondeu oferecendo sua casa. Mas eu falei: 'veja, somos sete!' E ele disse: 'não tem problema, venham'", conta o argentino.

Mesmo com o aperto, o mineiro conta que está muito feliz em receber o grupo e, principalmente, em rever o amigo. "As grandes amizades não têm tempo. Continua tudo igual", diz.

Enquanto os argentinos estiverem em seu apartamento, Antônio ficará praticamente por conta deles. "Nessa próxima semana, vou trabalhar só pela manhã. Quero levá-los a Ouro Preto, Inhotim e para a Serra do Cipó", conta.

Os sete argentinos, que deixaram as esposas e filhos em San Juan, ficam na capital mineira até o próximo domingo (22), quando vão para Búzios (RJ).  Eles retornam a Belo Horizonte no dia 27, onde ficam até o dia 29 para só então voltar para casa. E se a Argentina for para a final? "Nós voltamos para cá!" diz Gustavo.