Após polêmica, PE revende para empresários camarote comprado para jogos
Carlos Madeiro
Do UOL, no Recife
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EFE/Felipe Trueba
Camarote da Arena Pernambuco, em Recife, causou polêmica
A compra de um camarote para as cinco partidas da Copa do Mundo na Arena Pernambuco, feita pela administração do Complexo Portuário e Empresarial de Suape, foi frustrada pelo novo governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB).
Em 2013, a administração da autarquia pública comprou o camarote, com direito a 90 ingressos por cada jogo. A ideia era distribuir para fazer elações públicas com empresários.
O valor da compra foi R$ 745 mil e contemplou 38 empresas de 11 países --instaladas ou que pretendem se instalar no local. A aquisição foi feita ainda no governo Eduardo Campos (PSB).
Porém, a compra foi divulgada pela imprensa nacional no início do mês, e o novo governador se irritou ao saber do gasto público e solicitou que a administração devolvesse os ingressos.
Como a Fifa se recusa a devolver o dinheiro a quem compra os ingressos, a solução foi revender os ingressos. Empresários do próprio complexo adquiriram o camarote.
"O governador achou que não seria conveniente essa despesa, e recomendou à administração do porto que devolvesse os ingressos para Fifa. Mas como não há essa opção, a solução então foi revender os ingressos ao grupo de empresários, que, por sua vez, promoveram relações públicas com esse camarote", disse o secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão.
Segundo a administração do complexo, os ingressos foram revendidos à Rede Suape –que é a associação das empresas do complexo industrial.
O UOL apurou que a rede assumiu o investimento realizado pelo complexo e manteve a participação de todos os empresários e executivos já convidados previamente para o evento.
A administração do complexo informou ainda que os ingressos foram para executivos de empresas de países: Alemanha, China, Chile, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Índia, Inglaterra, Itália, Japão e México.
Em nota, Suape disse que a associação de empresários "reconheceu a importância desta ação de relacionamento na Copa do Mundo, a exemplo do que acontece em outras empresas e órgãos do Brasil e do exterior neste momento. Também entende que a iniciativa é voltada à prospecção de novas indústrias e à negociação de expansão de empreendimentos já instalados em Suape e em outras regiões do Estado."
Questionado durante entrevista coletiva nesse domingo (15), o secretário Ricardo Leitão se irritou com a pergunta de um jornalista que o questionou se Suape teria agido como "cambista" no caso, já que a Fifa não permitiria revenda de ingressos.
"Suape é coisa séria, é importante ara pernambuco, não tem nas suas atribuições a de cambista", afirmou.
Ainda segundo o secretário, não houve prejuízo para o Estado, já que os recursos foram reembolsados aos cofres da administração de Suape.