Enxotado da Espanha em 2003, Van Gaal desmonta a Fúria

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Na frieza dos números, a demissão de Louis Van Gaal do Barcelona na segunda metade da temporada de 2002/03 foi mais do que justificável: em sua segunda passagem pelo clube, o holandês conseguira deixar o Barcelona a apenas três pontos da zona de rebaixamento na Liga Espanhola. Mas o inflado ego do técnico holandês ficou ferido o suficiente para que ele torcesse por uma chance de redenção. Em clubes, ela veio quando seu Bayern de Munique tirou do Real Madrid a chance de jogar em casa a final da Liga dos Campeões de 2010. Em seleções, nada poderia ter sido melhor que a destruição da seleção espanhola numa Copa do Mundo.

Ainda mais quando Van Gaal tinha um ponto a provar para os próprios holandeses. Com o "filme queimado" depois de comandar o fracasso da Holanda em se classificar para o Mundial de 2002, seu retorno ao cargo foi recebido com desconfiança no país e o treinador não fez nenhum favor à causa quando decidiu publicamente abdicar da tradição ofensiva holandesa e estar um esquema com cinco zagueiros para enfrentar a Espanha em Salvador.

A insistência de Van Gaal que o sistema era o mais apropriado para o material humano que tinha em mãos, sobretudo depois da lesão a  quatro semanas do Mundial do meia Kevin Strootman, do Roma – o "motor" holandês nas eliminatórias – foi ironizada pelos jornalistas holandeses em rodinhas de jornalistas durante os treinos da "Laranja" no Rio. O treinador, porém, manteve-se fiel à ideia de que só assim poderia acomodar seus três jogadores diferenciados – Wesley Sneijder, Robin Van Persie e Arjen Robbin.

Ao final de 90 minutos na Fonte Nova, Van Gaal tinha um sorriso maior que o do Gato de Alice. Seu esquema "retranqueiro" resultou na maior goleada sofrida pela Espanha desde os anos 60 e será um dos tópicos mais debatidos por algum tempo sempre que o assunto for futebol. Além de ter treinado por apenas um mês com o novo esquema usando jogadores acostumados ao 4-3-3 desde as divisões de base, o técnico ainda precisou lidar com um dos grupos mais jovens já levados pela Holanda a um Mundial – ele mesmo falou a da importância de usar o Brasil para dar milhagem à geração que tentará disputar a Copa de 2018 na Rússia.

Nesse ponto, o partidaço feito por Daley Blind, um suposto cabeça de área no esquema de Van Gaal, foi uma surpresa prematura. Filho de uma lenda viva holandesa, o ex-zagueiro do Ajax Danny Blind (aquele que marcou o pênalti decisivo contra o Grêmio na final do Mundial Interclubes de 1995), ele teve duas assistências e infernizou os espanhóis com seus lançamentos.

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