Maior apostador do mundo ensina a ganhar dinheiro na Copa
Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo
O português Paulo Rebelo é tratado pela imprensa internacional como o maior apostador do mundo. De um simples sujeito que fazia faculdade de economia ao que arriscou tudo para fazer uma carreira profissional em apostas, ele hoje tem sua própria empresa, carrões na garagem e vive de dar seus palpites – é claro que embasados em muitas estatísticas e informações atualizadas dos clubes em que ele joga.
A fase é tão boa, que Rebelo se permite tirar férias na Copa, deixando o evento nas mãos de seus comandados. O português se concentra normalmente nos campeonatos Espanhol e Inglês, mas em entrevista ao UOL Esporte fez sua análise do Mundial e ainda deu dicas de como ser um apostador de sucesso. Este mundo movimenta mais de 15 bilhões de Euros na Europa e, apesar de ele não gostar de falar em valores, diz que é possível ganhar mais que os próprios jogadores.
O português começou com uma carreira profissional nas apostas quase que por acaso. Uma liga de apostas passou a patrocinar sua faculdade e ele resolveu tentar a sorte em alguns jogos. "Peguei um bônus que tinha ganhado e passei a fazer minhas apostinhas. Comecei a vencer e vi que tinha jeito para a coisa. E me dei conta de que quanto mais investia, melhor eu ia", contou ele, que pode ganhar mais de 25 mil euros por jogo.
Mas o investimento não é propriamente em dinheiro. O grande segredo de Paulo, segundo ele, não é a sorte, e sim o tempo que ele gasta estudando. Ele assiste a todos os jogos dos campeonatos com que trabalha, analisa estatísticas, colhe informações sobre a fase dos jogadores e junta tudo isso em seus palpites.
Ele se deu tão bem, que quando terminou a faculdade viu que não havia trabalho melhor. E que não haveria empresas de apostas que pudessem pagar o que ele estava ganhando. Assim, criou a sua própria.
Em relação a quem quer ser um bom apostador, ele tem uma série de dicas. A primeira é muito clara: apostar é um lazer, portanto, NÃO aposte dinheiro que você não tem. Passado este ponto, o principal a se fazer é ter uma análise fria.
"Não se pode confundir e jogar com o coração. Eu sou torcedor do Benfica. E perdia dinheiro com o Benfica. Apostava sempre que ia ganhar, mesmo se estivesse em uma fase ruim. Não apostava no que achava que iria acontecer, mas no que queria que acontecesse. E não se deve apostar só no que se acha que vai acontecer. Depende muito do prêmio. Posso apostar numa equipe que não acho que vai ganhar, mas que se o dinheiro for bom e eu vencer, vai compensar outras derrotas que eu posso ter", explicou ele.
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Vale explicar também que ele não aposta simplesmente nos jogos, antes de eles acontecerem. A maior movimentação nas casas de apostas é durante as partidas, quando ainda se pode apostar, dependendo de como está o jogo no momento. No caso de Paulo, isso é tão importante que ele chega a viajar para ver os jogos in loco para não ser "prejudicado" por um delay de 5 ou seis segundos que a transmissão pode ter entre um país e outro. Ele também trabalha comprando apostas de outros apostadores – uma prática semelhante ao que ocorre nas bolsas de valores.
Analisando a Copa
Quanto à Copa, o Brasil aparece como principal favorito, pagando no momento R$ 4,20 para cada R$ 1 apostado. A segunda força é a Argentina, com R$ 5,30 para cada R$ 1 jogado, mesmo que seja a seleção com a média de idade mais velha da competição, com 28,5 anos.
"O fator casa pode desempenhar um fator determinante neste campeonato. As casas de apostas atribuem ao Brasil um prémio de R$ 1,83 reais por cada real apostado caso chegue à semifinal, o que corresponde a uma probabilidade implícita de 55%", disse Paulo Rebelo.
Ele ainda explicou que apostar que a seleção verde-amarela chegará à semifinal é ainda mais vantajoso, já que a estatística mostra que 63% das equipes mandantes foram ao menos até essa fase.
No entanto, a média histórica para que a equipa que jogue em casa atinja a semi-final é maior (63%) pelo que, em teoria, compensará apostar que o Brasil chegará, pelo menos, às meias-final da competição.
Carrões e não-ostentação: 'apostar não é para todo mundo'
Paulo Rebelo conta que os primeiros a torcerem o nariz para seu trabalho foram seus familiares. Seus pais preferiam que ele conseguisse seu diploma e fosse para um trabalho comum num banco, uma financeira ou uma seguradora. Foi só quando o dinheiro começou a entrar que eles viram que ele estava falando sobre uma carreira realmente profissional.
"No princípio as pessoas tinham pena de mim, quando eu dizia que era apostador profissional. Elas não duvidavam, não diziam que era mentiroso. Mas elas não tinham fé que eu conseguiria vencer mesmo. Achavam que era sorte de principiante, achavam que uma hora eu perderia tudo. Não deixa de ser verdade, parte das pessoas vai perder. As apostas devem ser vistas como algo de lazer", explica ele. Para o português, como todo jogo há os vencedores e os perdedores, e nem todos que entram nas apostas vão sair bem.
"Eu nunca imaginei que conseguiria ter um dinheiro como esse. Mas minha vida não mudou. Tirando os carros, que são coisas que gosto muito, não tenho luxos. Não tenho jóias, casas, roupas. E evito andar com Ferraris durante o dia, porque sei que vou passar ao lado de um pai de família desempregado, sem ter dinheiro para dar comida aos filhos. Isso ainda me choca, eu estou bem e outros estão em dificuldade. Não me sinto bem nessas condições", conta.
Apesar desse duelo interno entre o sucesso nas apostas e a desigualdade que vê fora dela, ele não se arrepende. Diz que se sente um homem de sorte por ter achado um trabalho em que é bom e em que teve mérito de aproveitar a oportunidade. "Quando eu comecei, não sabia que poderia dar tudo certo. Foi um tiro no escuro. Sou um privilegiado."