Gaúcho argentino roda 2.800km para ver Messi abrir 'nova era' no Brasil
Jeremias Wernek
Do UOL, em Vespasiano (MG)
Na Argentina ele é gaucho, sem acento mesmo. No Brasil pode ser tratado como representante dos avós do gaúcho, aquele nascido no Rio Grande do Sul. De bombacha, lenço no pescoço e chapéu na cabeça, Hugo Lisowyj está em Belo Horizonte para torcer pela seleção de Alejandro Sabella. E para ver, segundo ele, o nascimento de uma 'nova era'.
"Eu vi Maradona no México, em 1986, e agora vou ver o Messi no Brasil. Vivi a era do Diego e vou viver a era do Lionel", diz um simpático sujeito com jeitão de vô.
E de fato ele é avô. Carrega consigo, desde sábado, os netos Ornella e Máximo. A filha Carolina e a esposa Graziela completam o grupo que saiu de Esperanza, na província de Santa Fé, e percorreu 2.807 quilômetros até chegar a Vespasiano, cidade onde a Argentina está instalada.
"Foi uma viagem dura, cansativa. Mas esta é minha nona Copa do Mundo, não poderia perder um Mundial tão perto de casa. Venho aqui muito otimista. Eu venho para assistir o começo de uma nova era", aposta Lisowyj.
A bordo de uma camionete personalizada, com foto no capô e bandeira da Argentina na porta, o gaúcho do Rio da Prata relembra as jornadas do passado. Conta histórias de 1978, 1982, 86, 90, 94, 98, 2006 e 2010.
"Já rodei bastante, vi muita coisa. Mas em 1986 consegui ir a todos os jogos da Argentina. Fui com minha esposa e meus filhos. O jogo contra a Inglaterra foi mágico e a partir dali o mundo todo passou a conhecer o Diego Maradona. Eu falo Argentina e alguns não sabem, mas se eu digo Maradona todos entendem na hora o assunto", conta.
Com os netos no colo, lutando para manter o cinto bem posicionado em volta de uma barriga bem proeminente, Hugo reconhece que a jornada em terras brasileiras será dura. Mas não cede e até provoca.
"Eu sei que aqui vai ser muito mais difícil. Mas quero jogar a final com os amarelos (brasileiros)", dispara. "É a Copa do Messi", acrescenta pouco depois.
O vendedor de caminhões no interior da Argentina não saiu de casa em vão. Antes de entrar no Brasil já tinha garantido os ingressos para as partidas da primeira fase, onde os hermanos encaram Bósnia-Herzegovina, Irã e Nigéria. Irá a todas as cidades de carro, com a família sempre ao lado.
"O carro está tomado de bagagens. Vim de carro até aqui, então tenho que ir de carro até o final", explica. "Depois da primeira fase eu vejo como vou fazer", adianta ao ser questionado sobre os ingressos para um avanço da Argentina no Mundial.
Com Hugo Lisowyj na torcida, a Argentina realiza mais dois treinamentos em Minas Gerais antes da estreia. A delegação deixa a Cidade do Galo na sexta-feira e vai para o Rio de Janeiro. No sábado treina no Maracanã e no domingo, às 19h, encara a Bósnia.