O governo federal admitiu nesta terça-feira (27) que o serviço de internet e telefonia móvel em geral para os torcedores "vai ficar lento" em seis dos 12 estádios da Copa. De acordo com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, haverá problema e congestionamento no tráfego de dados nas arenas que não contarão com redes wi-fi internas, mesmo com a instalação de antenas de reforço para sinal de 2G, 3G e 4G.

"Mesmo com as antenas vai ficar lento, são milhares de pessoas usando o serviço, enviando fotos ao mesmo tempo", afirmou o ministro durante audiência pública no Senado, em Brasília. "Vai ficar lento. Queríamos wi-fi em todos os estádios, mas em seis deles não houve acordo entre as operadores e as administradoras das arenas", disse.

Itaquerão (São Paulo) -- onde acontece a abertura do Mundial da Fifa no dia 12 de junho -- Arena da Baixada (Curitiba), Arena das Dunas (Natal), Mineirão (Belo Horizonte), Arena Pernambuco (região metropolitana do Recife) e Castelão (Fortaleza) não terão wi-fi. Segundo Bernardo, porém, todos os estádios possuem antenas internas de reforço de sinal 2G, 3G e 4G compartilhadas entre as quatro grandes operadoras brasileiras -- Tim, Vivo, Claro e Oi. Apesar disso, sem wi-fi as antenas extras não dão conta do recado.

Na semana passada, foi a vez dos presidentes das operadoras de telefonia móvel irem ao Senado e falar da infraestrutura para o Mundial. Na ocasião revelaram que no Itaquerão e na Arena da Baixada haveria problema também com as antenas de reforço, que estão sendo instaladas em cima da hora e não estariam completamente ajustadas até o início da Copa, conforme mostrou o UOL Esporte.

Nestes dois estádios, o sinal de celular deve ser o pior dentre os 12 da Copa. Apesar disso, na ocasião as teles contrariaram o ministro e garantiram que o serviço de celular será adequado nas outras oito arenas.

O ministro das Comunicações citou o Círio de Belém e o Ano Novo no Rio de Janeiro como exemplos de eventos onde as redes de celular ficam congestionadas, a exemplo do que deve ocorrer na Copa em locais onde haja muita gente aglomerada tentando usar a internet móvel ao mesmo tempo. "Na Olimpíada de Londres instalaram mais de 700 mil pontos de wi-fi pela cidade, fora as antenas de 2G, 3G e 4G, e mesmo assim houve lentidão e problemas com o serviço em diversas ocasiões", disse Bernardo. "O volume de informação transmitida é colossal".

De acordo com Bernardo, o problema vai acontecer pois não houve acordo entre as operadoras e os administradores destas arenas para instalação das redes wi-fi junto com as antenas para reforço de sinal. "No estádio do Corinthians, por exemplo, disseram que ainda vão instalar uma rede wi-fi própria e explorar este serviço comercialmente, vender para os torcedores, então na Copa não vai ter", afirmou. O mesmo teria ocorrido no Mineirão.

Em outras arenas, não houve acordo quanto ao preço cobrado pela permissão de instalar a estrutura no local. "Esse problema também acontece nos aeroportos. A Infraero cobra das empresas para deixar instalar as antenas de sinal e redes wi-fi de apoio. Então é a mesma coisa dos estádios, tem aeroporto que vai ter serviço bom e outros que não". Para ele, não cabe ao governo interferir nestas negociações.

A existência de redes de dados 2G, 3G e 4G e wi-fi nos estádios da Copa não está entre as obrigações que o Brasil assumiu com a Fifa para poder receber a Copa. Apesar disso, o governo decidiu "casar" o cronograma de licitação e implantação do 4G com a Copa deste ano e a Copa das Confederações no ano passado. 

Segundo o ministro das Comunicações, também deve haver problemas com o sinal em algumas cidades-sede mesmo fora do estádio. No Rio de Janeiro, ele diz que a Prefeitura está instalando uma rede com milhares de pontos de wi-fi pelas ruas que, apesar de não ficar totalmente pronta a tempo da Copa, deve ajudar a desafogar o sinal  de internet móvel na cidade. Porto Alegre, na contramão, deve encarar mais problemas que o normal pela dificuldade imposta pela legislação local para instalar equipamentos de telecomunicações.

Transmissão de TV garantida

"A transmissão de televisão é tão importante quanto os estádios para o sucesso da Copa", afirmou Bernardo ao assegurar que a rede de fibra ótica entre os 12 estádios e o centro internacional de transmissão para os satélites está totalmente pronta. Ele lembrou que a infra-estrutura faz parte das garantias dadas à Fifa para receber o Mundial.

Além dos estádios, estão integrados por fibra ótica os centros de mídia, CTs (Centros de Treinamento) das seleções, hotéis da Fifa e outros pontos chave na transmissão de notícias, vídeos, imagens e áudio para todo o mundo. "A audiência de TV estimada para a abertura é 500 milhões de pessoas. Para a final é de um bilhão de pessoas no mundo todo", disse o ministro.

A Telebrás investiu até agora R$ 87 milhões na estrutura de transmissão dos jogos da Copa. As redes de fibra ótica interligando as 12 cidades-sede do Mundial ficam de legado para o país depois do evento.