De olho no cofre

Público total do Campeonato Amazonense de 2014 não lota a Arena Amazônia

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

Aconteceu no último sábado a final do Campeonato Amazonense 2014, entre os times do Nacional e do Princesa do Solimões. O Nacional de Manaus sagrou-se campeão ao vencer o Princesa de Solimões por 5 a 1. Acompanharam a partida pouco mais de 3.000 torcedores pagantes.

Com esta derradeira partida,  o público pagante total do torneio foi de 41.540 torcedores, de acordo com os números da Federação Amazonense de Futebol. Foram 59 jogos disputados no campeonato estadual, com média de 662 pagantes por jogo.

Assim, todo o público do torneio amazonense não teria sido suficiente para lotar a Arena Amazônia, estádio com capacidade para 42.300 pessoas erguido em Manaus para receber a Copa do Mundo que começa no próximo dia 12 de junho.

O equipamento custou R$ 757 milhões e foi integralmente pago pelo Governo do Estado do Amazonas, que tomou um empréstimo subsidiado junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de R$ 400 milhões.

No Amazonense deste ano, apenas uma partida foi disputada na Arena Amazônia, justamente a que levou o maior número de torcedores ao estádio e proporcionou a maior renda bruta. Foi o jogo entre Fast e Princesa dos Solimões, com 8.073 pagantes e renda de cerca de R$ 244 mil. 

Este foi o único jogo do campeonato cuja renda bruta seria capaz de bancar o custo de realização de uma partida de futebol na nova arena amazonense, calculado em pouco mais de R$ 100 mil. A segunda partida com maior renda não chegou a arrecadar R$ 40 mil, na final do primeiro turno entre Princesa do Solimões e Fast, acompanhada por 2.314 espectadores.

Dos 59 jogos disputados no Amazonense até agora, 38 deram prejuízo aos cofres dos clubes. Não é à toa, portanto, que o governo estadual conceda, a título de subsídio, uma verba anual de R$ 2,5 milhões aos times do Estado.

É com este dinheiro que os clubes podem pagar pelo custo de jogos como o que foi disputado no município de Rio Preto no dia 12 de abril, entre as equipes do Holanda e do Iranduba. Na ocasião o público pagante foi ZERO. Outras partidas do Amazonense atraíram aos estádios públicos não tão maiores, como dois, sete, 18 e 89 pagantes.

Além da Arena Amazônia, o Governo do Estado do Amazonas construiu mais quatro estádios para a Copa do Mundo, todos com capacidade muito superior à média de pública do campeonato estadual. Eles são anunciados pelo governo como o grande legado da Copa para os manauaras, considerando que o plano de mobilidade urbana criado para a Copa, com a construção de um sistema de corredores exclusivos de ônibus e de uma linha de monotrilho, apresentou problemas de projeto e foi abandonado pelas autoridades.

Mas, em compensação, foi construído um novo Estádio da Colina. O original, pertencente ao clube São Raimundo, foi demolido para dar lugar à nova arena, para 11.400 pessoas, com gramado e vestiários padrão Fifa, a ser utilizada como um COT, ou Centro Oficial de Treinamento, da cidade de Manaus. Custou R$ 21 milhões, sendo R$ 9,7 milhões de verbas federais e o restante do Estado do Amazonas.

Também foi erguido o Estádio do Coroado, para 5.000 pessoas, na Mini Vila Olímpica, zona leste de Manaus. Também será utilizado como COT. Custou R$ 15 milhões e é integralmente pago pelo contribuinte amazonense, via governo estadual.

Finalmente, foi construído um campo com arquibancadas para 1.300 pessoas, com gramado e drenagem padrão Fifa, para deixar de reserva, caso seja necessário. Custo: R$ 3,5 milhões, por meio de convênio e verbas do Ministério do Esporte.  A informação é da UGP, Unidade Gestora do Projeto Copa, do Governo do Estado do Amazonas. 

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